Cada qual em cada canto
canta o mesmo canto
a diferença
de cada crença
é mera semelhança.
A vida é a mesma
a chuva é a mesma
o solo o sol
são os mesmos
o que difere
fere
A sentelha inata
que nos desperta
que nos mata
repete em cada ser
a incompreensão do viver.
E qualquer diferença é mera semelhança.
sábado, abril 06, 2024
Com os olhos
irados mirados
para mim disse:
te conheço desde sempre.
Dei dois passos
para trás confuso das idéias
e desapareceu repentinamente.
Acordei morto
no dia seguinte
com uma garrafa
de vodka na mão.
eu soube da minha
condição de alma
porque não enchergava
meu corpo.
Só sabia que estava ali
e nem sequer imaginava
como sabia.
A garrafa de vodka
me disseram depois
que era por causa do
apego demasiado
que eu tinha às
coisas terrenas,
mas eu me acostumei
e hoje ando
pelo mundo de minhas idéias
só com um copinho
de uísque.
irados mirados
para mim disse:
te conheço desde sempre.
Dei dois passos
para trás confuso das idéias
e desapareceu repentinamente.
Acordei morto
no dia seguinte
com uma garrafa
de vodka na mão.
eu soube da minha
condição de alma
porque não enchergava
meu corpo.
Só sabia que estava ali
e nem sequer imaginava
como sabia.
A garrafa de vodka
me disseram depois
que era por causa do
apego demasiado
que eu tinha às
coisas terrenas,
mas eu me acostumei
e hoje ando
pelo mundo de minhas idéias
só com um copinho
de uísque.
Minha tristeza tem
um jeito particular
de ser
Não que falar
nem quer aparecer
Minha tristeza é só dela
e só ela sabe o
que é o seu sofrer
Minha tristeza tem sua solidão
escondida aos olhos
do mundo que a circunda
Sabe que silêncio
é a forma de
conhecer a si mesmo
O que se mostra
é uma máscara
que se molda
quando se fala.
Minha tristeza
tem suas lágrimas
que não aprenderam
a rolar
O deserto dos meus
olhos escondem
um oceano
sem mar
um jeito particular
de ser
Não que falar
nem quer aparecer
Minha tristeza é só dela
e só ela sabe o
que é o seu sofrer
Minha tristeza tem sua solidão
escondida aos olhos
do mundo que a circunda
Sabe que silêncio
é a forma de
conhecer a si mesmo
O que se mostra
é uma máscara
que se molda
quando se fala.
Minha tristeza
tem suas lágrimas
que não aprenderam
a rolar
O deserto dos meus
olhos escondem
um oceano
sem mar
Romper os grilhões da mente
Rebentar as correntes dos sermões
Levantar quando se está doente
E assaltar o bando de ladrões
Enxergar com a encilha a sua frente
Colher a semente dos leões
Entrar no mundo dos dementes
Concertando a espuma dos colchões
Recolher na chuva o pôr-do-sol
Lutar de cabeça baixa contra lua
Beber a água impura dos grandes lagos
Jogar de pés descalço futebol
Gritar gol no meio da rua
E festejar o dadá consciente dos gagos.
Rebentar as correntes dos sermões
Levantar quando se está doente
E assaltar o bando de ladrões
Enxergar com a encilha a sua frente
Colher a semente dos leões
Entrar no mundo dos dementes
Concertando a espuma dos colchões
Recolher na chuva o pôr-do-sol
Lutar de cabeça baixa contra lua
Beber a água impura dos grandes lagos
Jogar de pés descalço futebol
Gritar gol no meio da rua
E festejar o dadá consciente dos gagos.
VII
Ódio. Não.
Há nesse mundo pessoas que não odeiam nem sequer a si mesmas,
Pois são indiferentes a sentimentos.
Passam no mundo como uma pedra passa
E mesmo que habite a mais alta montanha
Não é capaz de odiar o céu que a oprime
Ostentoso de seu infinito.
Não odeia a erosão que a transforma pouco a pouco em migalhas.
Há nesse mundo pessoas que não odeiam nem sequer a si mesmas,
Pois são indiferentes a sentimentos.
Passam no mundo como uma pedra passa
E mesmo que habite a mais alta montanha
Não é capaz de odiar o céu que a oprime
Ostentoso de seu infinito.
Não odeia a erosão que a transforma pouco a pouco em migalhas.
Busca
Deixei a barba crescer
e o cabelo também.
Esqueci a monogamia
do sol e sem pensar
admirava a promiscuidade
da lua...
Minha mãe perguntava,
Cadê meu filho?
E eu respondia,
Foi plantar milho.
Ela não entendia
a resposta e eu
tampouco a pergunta.
Mas comecei a fazer poesia:
Gostava das rimas ricas
com meus cabelos emaranhados,
contava a métrica
de cada verso
no meu quarto bagunçado,
compunha sonetos
nos cigarros apagados.
Todos olhavam com
tamanha surpresa
a minha estranheza.
Perguntavam uníssono,
Cadê o Tiago?
E eu respondia,
Foi pro diabo.
Ficavam todos estupefatos,
e eu na minha estreiteza
ia pro meu quarto
compor decassílabos
sáficos.
Firmei laços com
as traças das
prateleiras e gritando
nas ruas me abalei
sem eira nem beira.
Mas quando me olhei
no espelho exclamei,
O que é isso, um eco
respondeu, É falta
de juízo.
Então cortei o cabelo,
fiz a barba,
tomei um banho,
escovei os dentes,
queimei minha poesia
de concreto.
Deixei de plantar milho
e de fazer companhia
ao diabo num estalo:
Hoje em dia tenho uma namorada,
Tenho uma reputação a zelar,
Frequento toda sexta-feira um bar,
Mas bebo pouco pra pegar a estrada.
Creio em deus, na propriedade privada
E na moral que costumam pregar.
Sei que com dois posso fazer um par
E não preciso mais saber de nada.
Minha mãe me gosta assim desse jeito,
Se orgulha de me ver ser repetido,
E agora sou um homem de respeito.
E o que num tempo eu fui, foi esquecido:
Hoje eu uso gravata, eu uso terno,
Porque hoje em dia eu me faço moderno.
e o cabelo também.
Esqueci a monogamia
do sol e sem pensar
admirava a promiscuidade
da lua...
Minha mãe perguntava,
Cadê meu filho?
E eu respondia,
Foi plantar milho.
Ela não entendia
a resposta e eu
tampouco a pergunta.
Mas comecei a fazer poesia:
Gostava das rimas ricas
com meus cabelos emaranhados,
contava a métrica
de cada verso
no meu quarto bagunçado,
compunha sonetos
nos cigarros apagados.
Todos olhavam com
tamanha surpresa
a minha estranheza.
Perguntavam uníssono,
Cadê o Tiago?
E eu respondia,
Foi pro diabo.
Ficavam todos estupefatos,
e eu na minha estreiteza
ia pro meu quarto
compor decassílabos
sáficos.
Firmei laços com
as traças das
prateleiras e gritando
nas ruas me abalei
sem eira nem beira.
Mas quando me olhei
no espelho exclamei,
O que é isso, um eco
respondeu, É falta
de juízo.
Então cortei o cabelo,
fiz a barba,
tomei um banho,
escovei os dentes,
queimei minha poesia
de concreto.
Deixei de plantar milho
e de fazer companhia
ao diabo num estalo:
Hoje em dia tenho uma namorada,
Tenho uma reputação a zelar,
Frequento toda sexta-feira um bar,
Mas bebo pouco pra pegar a estrada.
Creio em deus, na propriedade privada
E na moral que costumam pregar.
Sei que com dois posso fazer um par
E não preciso mais saber de nada.
Minha mãe me gosta assim desse jeito,
Se orgulha de me ver ser repetido,
E agora sou um homem de respeito.
E o que num tempo eu fui, foi esquecido:
Hoje eu uso gravata, eu uso terno,
Porque hoje em dia eu me faço moderno.
VIII
Vai mais um dia rápido como um relâmpago
E eu me vejo de novo tentando dormir
A vida vai passando e encurtando o porvir
Enquanto eu me sinto velho cá em meu âmago.
Mas sou jovem ainda, tenho dezenove
Anos! Por que me sinto velho de repente?
Um corte bestial se vai rasgando meu ventre.
A vida é um punhal que me apresenta à morte!
A morte diz: " Vou te levar para um lugar
Onde a jovem velhice se sinta bem.
Os dias passam e tu não vais te preocupar."
(Acordo num salto) Ouço vozes pelos cantos.
Os sussurros misturam-se atrozes aos meus prantos:
"Carpe Diem... Carpe Diem... Carpe Diem... Carpe Diem..."
E eu me vejo de novo tentando dormir
A vida vai passando e encurtando o porvir
Enquanto eu me sinto velho cá em meu âmago.
Mas sou jovem ainda, tenho dezenove
Anos! Por que me sinto velho de repente?
Um corte bestial se vai rasgando meu ventre.
A vida é um punhal que me apresenta à morte!
A morte diz: " Vou te levar para um lugar
Onde a jovem velhice se sinta bem.
Os dias passam e tu não vais te preocupar."
(Acordo num salto) Ouço vozes pelos cantos.
Os sussurros misturam-se atrozes aos meus prantos:
"Carpe Diem... Carpe Diem... Carpe Diem... Carpe Diem..."
No meu patio tem uma pereira.
Raramente vê-se fruto nela.
Não sei qual época do ano
As pereiras dão frutos,
Mas lembro ter visto apenas
Uma vez peras odornando
As suas formas tristes...
É, a pereira do meu pátio é triste,
Triste porque vive sozinha,
Porque a olham com indiferença...
Quando passam por ela
Se dão apenas o trabalho de desviar...
Ninguém tem interesse
Em saber como ela está,
Como ela se sente em passar os
Dias fazendo parte
Da mesma paisagem,
Se ela sente tédio da mesmice...
De vez em quando ainda cortam
Os poucos galhos que tem.
Dizem que é para não
Sujar o pátio...
Pobre pereira, além de triste
Torna-se feia,
Sem galhos, careca...
Deve de ser por isso
Que ninguém olha para ela...
Que se poderia dizer de
Uma pereira careca,
Que não dá frutos,
E ainda suja o pátio?
Ela não escolheu ser assim...
Ela não escolheu estar ali...
Vai saber como o destino
A colocou naquele lugar
No meio daquelas pedras
Sem ter uma árvore amiga por perto
Para poder conversar...
Para amenizar sua solidão
De vez em quando pousa
Um passarinho, mas ele não faz
Nenhum ninho e logo sai voando...
De vez em quando meu cachorro
Mija nela (meu cachorro gosta de mijar nela)...
Isso não deve agradá-la.
Imagina um cachorro mijando nas
Tuas calças e tu não poder
Dá um pontapé no seu traseiro!
É, a pereira do pátio da minha casa é triste...
Eu também sou...
Talvez seja por isso que me pus
A escrever sobre ela...
É bom compartilhar das tristezas
Dos outros para esquecer das nossas...
Gosto de apreciar a paisagem lúgubre
Que se forma nas noites sem nuvens
No pátio da minha casa...
O luar clareia a pereira triste...
A lua salta-me nos olhos por
Detras de sua copa seca...
E ali eu vejo beleza
Mas não fico surpreso...
Fico apenas a fumar o meu cigarro...
Raramente vê-se fruto nela.
Não sei qual época do ano
As pereiras dão frutos,
Mas lembro ter visto apenas
Uma vez peras odornando
As suas formas tristes...
É, a pereira do meu pátio é triste,
Triste porque vive sozinha,
Porque a olham com indiferença...
Quando passam por ela
Se dão apenas o trabalho de desviar...
Ninguém tem interesse
Em saber como ela está,
Como ela se sente em passar os
Dias fazendo parte
Da mesma paisagem,
Se ela sente tédio da mesmice...
De vez em quando ainda cortam
Os poucos galhos que tem.
Dizem que é para não
Sujar o pátio...
Pobre pereira, além de triste
Torna-se feia,
Sem galhos, careca...
Deve de ser por isso
Que ninguém olha para ela...
Que se poderia dizer de
Uma pereira careca,
Que não dá frutos,
E ainda suja o pátio?
Ela não escolheu ser assim...
Ela não escolheu estar ali...
Vai saber como o destino
A colocou naquele lugar
No meio daquelas pedras
Sem ter uma árvore amiga por perto
Para poder conversar...
Para amenizar sua solidão
De vez em quando pousa
Um passarinho, mas ele não faz
Nenhum ninho e logo sai voando...
De vez em quando meu cachorro
Mija nela (meu cachorro gosta de mijar nela)...
Isso não deve agradá-la.
Imagina um cachorro mijando nas
Tuas calças e tu não poder
Dá um pontapé no seu traseiro!
É, a pereira do pátio da minha casa é triste...
Eu também sou...
Talvez seja por isso que me pus
A escrever sobre ela...
É bom compartilhar das tristezas
Dos outros para esquecer das nossas...
Gosto de apreciar a paisagem lúgubre
Que se forma nas noites sem nuvens
No pátio da minha casa...
O luar clareia a pereira triste...
A lua salta-me nos olhos por
Detras de sua copa seca...
E ali eu vejo beleza
Mas não fico surpreso...
Fico apenas a fumar o meu cigarro...
domingo, junho 07, 2020
LVII
Um querer que me faz tão triste assim
Uma tristeza que é sempre tão leal
Que se esconde e se mostra e é sempre igual
E que sem consentir reside em mim
E que vai e que vem: volta mortal
E que dói como um não invés do sim
E me deixa saudoso com seu fim
Pois comigo se faz tão natural
E sozinho me vou sem ter ninguém
No caminho uma luz em tom de azul
Ilumina a passagem do meu bem
Que me aquece e me esquece por prazer
Quando o corpo gelado do meu ser
Sente à espinha os ventos vindos do sul
Uma tristeza que é sempre tão leal
Que se esconde e se mostra e é sempre igual
E que sem consentir reside em mim
E que vai e que vem: volta mortal
E que dói como um não invés do sim
E me deixa saudoso com seu fim
Pois comigo se faz tão natural
E sozinho me vou sem ter ninguém
No caminho uma luz em tom de azul
Ilumina a passagem do meu bem
Que me aquece e me esquece por prazer
Quando o corpo gelado do meu ser
Sente à espinha os ventos vindos do sul
sexta-feira, março 13, 2020
Trauma
Tamanha foi sua dificuldade
com a língua portuguesa
no colégio, que quando
adulto não sabia o que
era crase, mas conhecia
muito bem os hiatos.
Foi assim por todo a sua vida:
hiatizando o que era para crasear.
Morreu só.
com a língua portuguesa
no colégio, que quando
adulto não sabia o que
era crase, mas conhecia
muito bem os hiatos.
Foi assim por todo a sua vida:
hiatizando o que era para crasear.
Morreu só.
Cercando a lua
estão meus olhos
lavados de escuridão
atravessando nuvens
quebrando ventos
acordando as estrelas
que sonham distância
espantando os cometas
que vencem os séculos
Estão meus olhos
cercando a lua
implorando altura
num sentimento de posse
que o amor nos implica
E a lua - serena, calma
que não rejeita um amante sequer
me olha com seu grande
olhar de compaixão
e lacrimejando sua luz
sobre minha paisagem, diz:
-Hoje dormirei contigo.
estão meus olhos
lavados de escuridão
atravessando nuvens
quebrando ventos
acordando as estrelas
que sonham distância
espantando os cometas
que vencem os séculos
Estão meus olhos
cercando a lua
implorando altura
num sentimento de posse
que o amor nos implica
E a lua - serena, calma
que não rejeita um amante sequer
me olha com seu grande
olhar de compaixão
e lacrimejando sua luz
sobre minha paisagem, diz:
-Hoje dormirei contigo.
Devaneio cotidiano
Por tantos sacrifícios cheguei aqui,
tantas guerras e revoluções,
tanta morte e tanta vida jogadas
mundo a fora - tudo vão.
Tudo:
O que eu não sei, o que ninguém sabe,
O que fingimos saber:
O que poderá se fazer?
Os minúsculos componentes da matéria.
Cada simples célula do meu corpo.
A infinitude do universo.
Há vida lá fora?
Há vida?
O sol ofusca meus olhos.
O azul do céu esbranquiçado
pelas nuvens deslumbra-os.
Mas ao voltar, vejo-me novamente
insignificante, burro e mesquinho
perante tudo.
Num mundo parelelo, o cigarro vai deixando
uma cinza cilindrica no cinzeiro
e a fumaça vai lentamente
se esvaindo no espaço.
tantas guerras e revoluções,
tanta morte e tanta vida jogadas
mundo a fora - tudo vão.
Tudo:
O que eu não sei, o que ninguém sabe,
O que fingimos saber:
O que poderá se fazer?
Os minúsculos componentes da matéria.
Cada simples célula do meu corpo.
A infinitude do universo.
Há vida lá fora?
Há vida?
O sol ofusca meus olhos.
O azul do céu esbranquiçado
pelas nuvens deslumbra-os.
Mas ao voltar, vejo-me novamente
insignificante, burro e mesquinho
perante tudo.
Num mundo parelelo, o cigarro vai deixando
uma cinza cilindrica no cinzeiro
e a fumaça vai lentamente
se esvaindo no espaço.
Escondi tudo de mais
valioso que eu tinha
numa caixa de papelão
na parte mais alta
do armário mais alto
que tinha lá em casa
Todos passavam e
olhavam-na indiferente,
somente eu a fitava
orgulhoso por ser
o único que sabia
o que ela significava
O tempo passou e eu a
esqueci e a deixei ser
engolida pelas teias de
aranha e pelas traças
Um dia desses, curioso,
me dei o trabalho
de pegá-la e limpá-la
quase desmanchando
em minhas mãos:
Abri-a com cuidado:
chorei
valioso que eu tinha
numa caixa de papelão
na parte mais alta
do armário mais alto
que tinha lá em casa
Todos passavam e
olhavam-na indiferente,
somente eu a fitava
orgulhoso por ser
o único que sabia
o que ela significava
O tempo passou e eu a
esqueci e a deixei ser
engolida pelas teias de
aranha e pelas traças
Um dia desses, curioso,
me dei o trabalho
de pegá-la e limpá-la
quase desmanchando
em minhas mãos:
Abri-a com cuidado:
chorei
XLIII
Eu não soube o que pensar... olhei-o...
Tinha muita fome e estava com frio,
No rosto alguma vertente de um rio
Que de tanto chover estava feio.
Talvez trouxesse algum amor no seio,
Talvez no peito ele tivesse um brio,
Ou talvez fosse só mágoa, sangue e ódio
E fosse de infinitas dores cheio.
Tinha dois companheiros de desgraça:
Era um cusco véio e uma cachaça:
O cusco amenizava a solidão,
A cachaça a fome, o frio e o tormento...
Aproximei-me devagar, atento...
E ele sussurrou: Prazer, sou João.
Tinha muita fome e estava com frio,
No rosto alguma vertente de um rio
Que de tanto chover estava feio.
Talvez trouxesse algum amor no seio,
Talvez no peito ele tivesse um brio,
Ou talvez fosse só mágoa, sangue e ódio
E fosse de infinitas dores cheio.
Tinha dois companheiros de desgraça:
Era um cusco véio e uma cachaça:
O cusco amenizava a solidão,
A cachaça a fome, o frio e o tormento...
Aproximei-me devagar, atento...
E ele sussurrou: Prazer, sou João.
L
A lua alta cobrindo o firmamento;
O vento testemunha do meu pranto
E um manto estrelado num momento
Sente comigo o mesmo desencanto.
A madrugada fria, o tempo lento;
Meu sofrimento canta um triste canto
De quanto choro, dor e desalento
Que só sabe cantar quem chorou tanto.
E quando busco a causa disso tudo
Fico mudo e não sei o que em mim vejo:
Eu sobejo em mentiras e me iludo.
Estudo não saber o que desejo;
Calado arquejo - Penso o infinito:
Esse vazio imenso que em mim grito.
O vento testemunha do meu pranto
E um manto estrelado num momento
Sente comigo o mesmo desencanto.
A madrugada fria, o tempo lento;
Meu sofrimento canta um triste canto
De quanto choro, dor e desalento
Que só sabe cantar quem chorou tanto.
E quando busco a causa disso tudo
Fico mudo e não sei o que em mim vejo:
Eu sobejo em mentiras e me iludo.
Estudo não saber o que desejo;
Calado arquejo - Penso o infinito:
Esse vazio imenso que em mim grito.
domingo, julho 12, 2015
A primeira lágrima
Brilhou nos olhos
Repentinamente,
Ofuscando a visão.
Não se encontra
Força para enxugá-la
E ela traça livre
O próprio caminho
Por entres as rugas
Do rosto franzido:
Não há razão nos sentidos:
Silêncio...
Silêncio e mais nada.
A lágrima chora deixando
Marca de amor
Na pele tocada e
Um rastro lúgubre
de lágrima
Rolada.
Ela acaricia o rosto
Com sofreguidão.
Beija a boca
Demoradamente.
Perde-se na vertigem
Daquela tristeza,
Traçando seu caminho
De lágrima solitária...
Chegando ao fim,
Agarra-se em desespero
Aos poros
Daquele rosto
Que lavou!
Apaixonada, sente
A morte iminente -
A morte iminente
De lágrima
Rolada -
Saudade dos olhos!
Saudade do beijo!
Saudade da pele
Que acariciou!
O rosto também a segura
Fortemente pelos átomos,
Enquanto lá em cima
Brilham lágrimas
Que não ofuscam...
Ela cai.
Tanto esforço vão.
Lá vai ela cumprir,
Abandonada,
O seu destino infeliz
de lágrima
Rolada.
Morrendo sobre o peito
Que lhe deu a vida.
Brilhou nos olhos
Repentinamente,
Ofuscando a visão.
Não se encontra
Força para enxugá-la
E ela traça livre
O próprio caminho
Por entres as rugas
Do rosto franzido:
Não há razão nos sentidos:
Silêncio...
Silêncio e mais nada.
A lágrima chora deixando
Marca de amor
Na pele tocada e
Um rastro lúgubre
de lágrima
Rolada.
Ela acaricia o rosto
Com sofreguidão.
Beija a boca
Demoradamente.
Perde-se na vertigem
Daquela tristeza,
Traçando seu caminho
De lágrima solitária...
Chegando ao fim,
Agarra-se em desespero
Aos poros
Daquele rosto
Que lavou!
Apaixonada, sente
A morte iminente -
A morte iminente
De lágrima
Rolada -
Saudade dos olhos!
Saudade do beijo!
Saudade da pele
Que acariciou!
O rosto também a segura
Fortemente pelos átomos,
Enquanto lá em cima
Brilham lágrimas
Que não ofuscam...
Ela cai.
Tanto esforço vão.
Lá vai ela cumprir,
Abandonada,
O seu destino infeliz
de lágrima
Rolada.
Morrendo sobre o peito
Que lhe deu a vida.
Composição
Procuro no escuro
tudo o que é
e que seja:
que sempre foi
tateio no vento
as palavras
que não aprendi
a dizer
e quando perco
minhas forças
o corpo pende
os braços caem
e tudo o que
sempre foi
não é, nem será,
apenas está
e as palavras
que não aprendi
a dizer são
as únicas que existem
a poesia se esconde,
o sentimento não
sabe gritar
sua liberdade
o escuro torna-se
cada vez mais
escuro e escuro
e uma lágrima cai:
uma lágrima é a prova
da mudez da tristeza
e o silêncio, sim, sempre
foi, é e também será.
tudo o que é
e que seja:
que sempre foi
tateio no vento
as palavras
que não aprendi
a dizer
e quando perco
minhas forças
o corpo pende
os braços caem
e tudo o que
sempre foi
não é, nem será,
apenas está
e as palavras
que não aprendi
a dizer são
as únicas que existem
a poesia se esconde,
o sentimento não
sabe gritar
sua liberdade
o escuro torna-se
cada vez mais
escuro e escuro
e uma lágrima cai:
uma lágrima é a prova
da mudez da tristeza
e o silêncio, sim, sempre
foi, é e também será.
XVIII
Vou sem pressa cavando a sepultura
Onde meu corpo frio irá jazer
Quando ele deixar essa vida dura
E no descanso eterno ele viver
Pois não aguento mais tanta tortura
Sem gozar de um só dia de lazer
E de sol a sol minha pele escura
Não pára nunca mais de escurecer
Por isso peguei minha pá e cavei bem fundo
A cova demorou pra se aprontar
Pois meu corpo já estava morimbundo
E a terra era difícil de cavar
Mas agora partindo desse mundo
Eu nunca mais na vida hei de voltar.
Onde meu corpo frio irá jazer
Quando ele deixar essa vida dura
E no descanso eterno ele viver
Pois não aguento mais tanta tortura
Sem gozar de um só dia de lazer
E de sol a sol minha pele escura
Não pára nunca mais de escurecer
Por isso peguei minha pá e cavei bem fundo
A cova demorou pra se aprontar
Pois meu corpo já estava morimbundo
E a terra era difícil de cavar
Mas agora partindo desse mundo
Eu nunca mais na vida hei de voltar.
Meu coração tem amores
que nem eu conheço
tem tantos segredos
queimando flores
tem desconhecidos horrores
que me enchem de medos
Meu coração tem dores
que nem eu sinto
tem cores
de vinho tinto
banhando com seu vermelho
o espelho
do meu sonho lindo
Meu coração de tanto sentir
sem saber que se sente
acabou indiferente
ao porvir:
de tanto mentir
sem saber que mente.
Se é partido que se vai
Se é perdido que se vem
Como entrar nesse trem,
Pai?
Como a vida desse lírio
É bonito que se vem
Ressequido que se vai,
Filho.
Como a pergunta que se faz
A resposta que se tem
A morte se desfaz.
Se é sabido que se vai
Desconhecido por que se vem
Por que lutar também,
Pai?
Para que esse estribilho
Que na vida canta e voa
Ressoe em outros corações,
Filho.
Se é perdido que se vem
Como entrar nesse trem,
Pai?
Como a vida desse lírio
É bonito que se vem
Ressequido que se vai,
Filho.
Como a pergunta que se faz
A resposta que se tem
A morte se desfaz.
Se é sabido que se vai
Desconhecido por que se vem
Por que lutar também,
Pai?
Para que esse estribilho
Que na vida canta e voa
Ressoe em outros corações,
Filho.
XIX
Pássaros cantando canto de horror?
Eu os escuto, eles estão com medo.
Sim!... alguém descobriu-lhes o segredo
De não saberem mais cantar amor.
Agora, voa torto o beija-flor
De flor em flor não sabe mais voar
Parece que não mais sabe amar
E que de súbito encheu-se de dor...
O quero-quero não cuida seu ninho,
Nem o joão de barro da construção,
Nem mesmo a coruja da noite escura,
O pavão perdeu sua formosura,
E a garganta do rouxinol então
Foi atravessada por um espinho...
Eu os escuto, eles estão com medo.
Sim!... alguém descobriu-lhes o segredo
De não saberem mais cantar amor.
Agora, voa torto o beija-flor
De flor em flor não sabe mais voar
Parece que não mais sabe amar
E que de súbito encheu-se de dor...
O quero-quero não cuida seu ninho,
Nem o joão de barro da construção,
Nem mesmo a coruja da noite escura,
O pavão perdeu sua formosura,
E a garganta do rouxinol então
Foi atravessada por um espinho...
quinta-feira, junho 18, 2015
domingo, agosto 10, 2014
quinta-feira, julho 31, 2014
LX
De repente me vi num mundo louco,
Onde habitavam expressões vazias
Com seus corpos (repleto de agonias)
Que iam desfalecendo pouco a pouco.
E ouve-se a voz de um marinheiro rouco
Embebido das suas cantorias
Que anunciavam algumas profecias
De um futuro muito mais pobre e louco.
Uma faca atravessa sua garganta
E a nota da canção vai se esvaindo
Na madrugada... uma voz de criança
Ressoando sangue, ódio e dor tanta,
Rompe ao longe o silêncio e sai grunindo:
"Não ouse me roubar a esperança."
Onde habitavam expressões vazias
Com seus corpos (repleto de agonias)
Que iam desfalecendo pouco a pouco.
E ouve-se a voz de um marinheiro rouco
Embebido das suas cantorias
Que anunciavam algumas profecias
De um futuro muito mais pobre e louco.
Uma faca atravessa sua garganta
E a nota da canção vai se esvaindo
Na madrugada... uma voz de criança
Ressoando sangue, ódio e dor tanta,
Rompe ao longe o silêncio e sai grunindo:
"Não ouse me roubar a esperança."
quinta-feira, agosto 18, 2011
sexta-feira, março 26, 2010
sábado, maio 02, 2009
I
Busco a palavra que faça chorar
Pela sua simples capacidade de ser.
A palavra que desperte saudades profundas
Das melancolias de noites a muito tempo passadas
Que ninguém jamais ousara lembrar.
E escrever.
Busco a palavra que ninguém veio a conhecer.
Última palavra dita antes do último suspiro,
Ouvida apenas pela morte e olvidada logo a seguir,
Mas que deixa sua marca nas entrelinhas dos epitáfios,
Se encontrando e se escondendo muito além de sua semântica
Seja ela qual for.
Pela sua simples capacidade de ser.
A palavra que desperte saudades profundas
Das melancolias de noites a muito tempo passadas
Que ninguém jamais ousara lembrar.
E escrever.
Busco a palavra que ninguém veio a conhecer.
Última palavra dita antes do último suspiro,
Ouvida apenas pela morte e olvidada logo a seguir,
Mas que deixa sua marca nas entrelinhas dos epitáfios,
Se encontrando e se escondendo muito além de sua semântica
Seja ela qual for.
II
Amor. Não.
Há nesse mundo pessoas que não amam
E com todo o direito de não amar,
E não choram ao pensar no amor.
(o amor sempre tem um quê de lágrima)
São secas como galhos perdidos no brejo de uma caatinga.
No entanto, a palavra ama.
E provoca chuva no mais árido chão.
No mais árido coração.
Há nesse mundo pessoas que não amam
E com todo o direito de não amar,
E não choram ao pensar no amor.
(o amor sempre tem um quê de lágrima)
São secas como galhos perdidos no brejo de uma caatinga.
No entanto, a palavra ama.
E provoca chuva no mais árido chão.
No mais árido coração.
III
Eu ainda te procuro.
Ah! Poderosa!
E sei que conheces os segredos de meu tempo.
Vens de longínquas datas evoluindo tua maldade.
Sabes que adentras fundo nos corações humanos
Desvendando seus sertões.
E te escondes e te camuflas,
Mancomunando o dia derradeiro de tua aparição.
Mostra-te, desgraçada!
Para que possas me embalar suave sobre tua musicalidade
E depois despedaçar-me junto a tua morfologia.
Ah! Poderosa!
E sei que conheces os segredos de meu tempo.
Vens de longínquas datas evoluindo tua maldade.
Sabes que adentras fundo nos corações humanos
Desvendando seus sertões.
E te escondes e te camuflas,
Mancomunando o dia derradeiro de tua aparição.
Mostra-te, desgraçada!
Para que possas me embalar suave sobre tua musicalidade
E depois despedaçar-me junto a tua morfologia.
IV
Traga-me a morte se assim preferires
Se assim preferires traga-me a vida
Traga-me tua métrica escondida
Em algum ermo canto do arco-íris
Traga-me a mensagem que a Deusa Íris
Deixou aos homens antes da partida.
Nela, a palavra de despedida
Encontrou o ouvido do Deus Osíris.
E entre a Deusa Grega e o Deus Egípcio,
Pois não possuis distinção de cultura,
Soubeste cunhar, sublime palavra,
A dependência e o prazer do vício
Eludindo o teu poder de sepultura
Até me transformar em tua escrava.
Se assim preferires traga-me a vida
Traga-me tua métrica escondida
Em algum ermo canto do arco-íris
Traga-me a mensagem que a Deusa Íris
Deixou aos homens antes da partida.
Nela, a palavra de despedida
Encontrou o ouvido do Deus Osíris.
E entre a Deusa Grega e o Deus Egípcio,
Pois não possuis distinção de cultura,
Soubeste cunhar, sublime palavra,
A dependência e o prazer do vício
Eludindo o teu poder de sepultura
Até me transformar em tua escrava.
VI
E sei que podes e vais me destruir na primeira oportunidade,
Mas não tenho medo nenhum, tenho curiosidade, quero te experimentar.
Se for para morrer, que tu me mates, meu amor,
Não me deixes morrer na mão de outrem, não me deixes morrer em outro lugar
Que não seja em teu colo manso.
Mas não tenho medo nenhum, tenho curiosidade, quero te experimentar.
Se for para morrer, que tu me mates, meu amor,
Não me deixes morrer na mão de outrem, não me deixes morrer em outro lugar
Que não seja em teu colo manso.
domingo, fevereiro 22, 2009
terça-feira, fevereiro 17, 2009
terça-feira, janeiro 13, 2009
quinta-feira, outubro 30, 2008
Espero a lua aparecer, encanto,
Espero a lua aparecer
E calmamente me aconchego
No embalo do lago
E é tão bonita a imagem desse amor
Que espera o silêncio da
Escuridão para amar
Em segredo
Segredo que a luz branca insiste em revelar
Que rompe o negrume e o medo
Cedendo lugar para a dança
Dos espelhos e dos reflexos
Tamanho é o espanto
Que a pintura provoca num mundo
Acostumado a não se espantar
Com o espetáculo do encontro mais simples
Segredo que o estardalhaço de um ser
Com sua fanfarra de viver
Insiste em banalizar
Mas mesmo assim é segredo
Segredo que envolto na minha alma
Insiste em confessar.
Espero a lua aparecer
E calmamente me aconchego
No embalo do lago
E é tão bonita a imagem desse amor
Que espera o silêncio da
Escuridão para amar
Em segredo
Segredo que a luz branca insiste em revelar
Que rompe o negrume e o medo
Cedendo lugar para a dança
Dos espelhos e dos reflexos
Tamanho é o espanto
Que a pintura provoca num mundo
Acostumado a não se espantar
Com o espetáculo do encontro mais simples
Segredo que o estardalhaço de um ser
Com sua fanfarra de viver
Insiste em banalizar
Mas mesmo assim é segredo
Segredo que envolto na minha alma
Insiste em confessar.
sexta-feira, julho 04, 2008
É tão simples e tão pura
que nasce sem força
como nasce o dia,
como o orvalho se
aconchega na flor.
Se apodera de uma folha em branco,
de um coração em pranto,
de uma vida vazia.
Converte-se no mais temido pecado,
no mais aliviável vômito
que ajuda a viver.
Auxilia sem pedir nada em troca,
a angústia de não ter respostas.
E na sua espera de palavra,
anseia por surpreender
o mais desatento visitante.
que nasce sem força
como nasce o dia,
como o orvalho se
aconchega na flor.
Se apodera de uma folha em branco,
de um coração em pranto,
de uma vida vazia.
Converte-se no mais temido pecado,
no mais aliviável vômito
que ajuda a viver.
Auxilia sem pedir nada em troca,
a angústia de não ter respostas.
E na sua espera de palavra,
anseia por surpreender
o mais desatento visitante.
Sopra no meu rosto
a tua brisa
para que eu sinta
num sentido o teu gosto
Para que lembre da tua força
de me amar desmedida
de sentar no meu colo
e dizer, Sou tua vida
E de me esquecer num instante
e de me morrer em menos
tantos laços rompidos
e tão lascivos antes
E desromper para romper
e novamente ser perfeito
para chegar é que se parte
e se sente saudade sem fim
Mas se sopra no meu rosto
a brisa do teu corpo
eu lembro e sinto
num sentido o teu gosto.
a tua brisa
para que eu sinta
num sentido o teu gosto
Para que lembre da tua força
de me amar desmedida
de sentar no meu colo
e dizer, Sou tua vida
E de me esquecer num instante
e de me morrer em menos
tantos laços rompidos
e tão lascivos antes
E desromper para romper
e novamente ser perfeito
para chegar é que se parte
e se sente saudade sem fim
Mas se sopra no meu rosto
a brisa do teu corpo
eu lembro e sinto
num sentido o teu gosto.
quinta-feira, junho 19, 2008
Quando do meu corpo eu levantar,
quero ser estrela, lua e mar.
Quero ser estrela, lua e mar.
E não chegarei de mansinho,
antes deconcertando os caminhos,
trilhando rotas que levem ao infinito,
levando o que habita pacificamente as areias da praia
com uma força violenta para águas em tormenta,
e surpreender o amor dos animais marinhos
e amar o meu céu no horizonte
quando o sol aparecer...
Quando do meu corpo eu levantar...
quero ser estrela, lua e mar.
Quero ser estrela, lua e mar.
E não chegarei de mansinho,
antes deconcertando os caminhos,
trilhando rotas que levem ao infinito,
levando o que habita pacificamente as areias da praia
com uma força violenta para águas em tormenta,
e surpreender o amor dos animais marinhos
e amar o meu céu no horizonte
quando o sol aparecer...
Quando do meu corpo eu levantar...
quinta-feira, junho 05, 2008
Revolta
I
Como se fosse navalha
o vento rasgava meu rosto
quebrava meu lábios
cegava meus olhos
O vento passa.
Eu fico sangrando
até que na luz
descanse o meu sonho
de vigança
II
A chuva me deixa imóvel
perfura minha pele
com seus pingos de aço
seu líquido ácido
Meu corpo se desfaz
na calçada
e um cachorro
morre junto comigo
III
Tão quente estava
que meu coração descongelava
e pouco a pouco se dirigia
ao processo de cremação
Meus cabelos de chamas
minha língua inflama
e meus ossos carbonizados
são velados no caixão
IV
A palidez do meu rosto
era o guia de viagem
da neve até o solo
Meu braços congelados
pareciam galhos secos
naquele dia de inverno
Crianças brincavam
com um boneco de neve
em decomposição
V
Não há decisão boa
após uma revolta,
não há conciliação.
O ódio uma vez
acendido jamais se apagará.
O tempo só apaga
sentimentos bons.
O clima muda,
a natureza muda,
mas a morte é sempre
desejada da mesma forma:
o que muda é o sofrimento.
Como se fosse navalha
o vento rasgava meu rosto
quebrava meu lábios
cegava meus olhos
O vento passa.
Eu fico sangrando
até que na luz
descanse o meu sonho
de vigança
II
A chuva me deixa imóvel
perfura minha pele
com seus pingos de aço
seu líquido ácido
Meu corpo se desfaz
na calçada
e um cachorro
morre junto comigo
III
Tão quente estava
que meu coração descongelava
e pouco a pouco se dirigia
ao processo de cremação
Meus cabelos de chamas
minha língua inflama
e meus ossos carbonizados
são velados no caixão
IV
A palidez do meu rosto
era o guia de viagem
da neve até o solo
Meu braços congelados
pareciam galhos secos
naquele dia de inverno
Crianças brincavam
com um boneco de neve
em decomposição
V
Não há decisão boa
após uma revolta,
não há conciliação.
O ódio uma vez
acendido jamais se apagará.
O tempo só apaga
sentimentos bons.
O clima muda,
a natureza muda,
mas a morte é sempre
desejada da mesma forma:
o que muda é o sofrimento.
segunda-feira, maio 19, 2008
Não mereço perdão.
Não vos peço que me perdoeis.
A vida deve me punir.
E só a morte possui o poder de anistia.
Com o coração ainda batendo,
eu posso sentir na carne a culpa,
eu sei que para minha aflição
não há nem nunca haverá cura satisfatória:
Não tenho deus que me salve.
Não tenho mãe que chore
sobre o meu corpo estirado no chão.
E nem mesmo a lua ilumina o meu rosto
para formar uma bela imagem da minha morte.
Não vos peço que me perdoeis.
A vida deve me punir.
E só a morte possui o poder de anistia.
Com o coração ainda batendo,
eu posso sentir na carne a culpa,
eu sei que para minha aflição
não há nem nunca haverá cura satisfatória:
Não tenho deus que me salve.
Não tenho mãe que chore
sobre o meu corpo estirado no chão.
E nem mesmo a lua ilumina o meu rosto
para formar uma bela imagem da minha morte.
Neblina das minhas verdades,
me conta se é por maldade
que me fazes triste assim.
Canção da mocidade,
me conta se cantar a felicidade
é um crime sem perdão.
Porque meu coração
quer as asas de um querubim
para morar no mais alto esconderijo
que encontraste para mim.
Segredo da minha carne,
me conta se morrer
é tão ruim assim
me conta se é pecado
o silêncio dos momentos
encontrar meu corpo são.
Porque meu coração
quer as asas de um querubim
para morar no mais alto esconderijo
que encontraste para mim.
Vozes da minha alma,
contem-me se a loucura
é saudade de outro mundo
contem-me se vossa clausura
é pura sensatez
ou mera covardia
Porque meu coração
quer as asas de um querubim
para morar no mais alto esconderijo
que encontraste para mim.
me conta se é por maldade
que me fazes triste assim.
Canção da mocidade,
me conta se cantar a felicidade
é um crime sem perdão.
Porque meu coração
quer as asas de um querubim
para morar no mais alto esconderijo
que encontraste para mim.
Segredo da minha carne,
me conta se morrer
é tão ruim assim
me conta se é pecado
o silêncio dos momentos
encontrar meu corpo são.
Porque meu coração
quer as asas de um querubim
para morar no mais alto esconderijo
que encontraste para mim.
Vozes da minha alma,
contem-me se a loucura
é saudade de outro mundo
contem-me se vossa clausura
é pura sensatez
ou mera covardia
Porque meu coração
quer as asas de um querubim
para morar no mais alto esconderijo
que encontraste para mim.
Olha ao redor,
vê se acha algo
com o que possa
te saciar...
Todo mundo necessita algo,
nem que fosse o grão
de areia da construção
da casa do vizinho no
ano de mil novecentos
e noventa e quatro.
(o grão de areia
não precisa de ti:
dura realidade)
Nem que fosse pra relembrar
a surra que levou de sua mãe
por estar construindo um castelo
para morar com a Raqhel.
Ela não sabia,
por isso fez com que
tua poesia
não saísse do papel.
Olha ao redor e não me diga
que não encontrou nada -
Tu não é um grão de areia.
vê se acha algo
com o que possa
te saciar...
Todo mundo necessita algo,
nem que fosse o grão
de areia da construção
da casa do vizinho no
ano de mil novecentos
e noventa e quatro.
(o grão de areia
não precisa de ti:
dura realidade)
Nem que fosse pra relembrar
a surra que levou de sua mãe
por estar construindo um castelo
para morar com a Raqhel.
Ela não sabia,
por isso fez com que
tua poesia
não saísse do papel.
Olha ao redor e não me diga
que não encontrou nada -
Tu não é um grão de areia.
Todo dia nasce o sol
E levanta do outro lado a lua
Todo dia alguém pisa num caracol
E não é culpa minha nem tua
Todo dia tudo acontece
Igualzinho como foi no anterior
Todo dia nasce um novo amor
Que no outro dia a gente esquece
Todo o dia bem ou mal
O relógio bate na hora marcada
Todo o dia é a mesma estrada
Sem placa, sem praça, sem sinal.
Todo dia é um dia diferente:
Eu é que sou indiferente.
E levanta do outro lado a lua
Todo dia alguém pisa num caracol
E não é culpa minha nem tua
Todo dia tudo acontece
Igualzinho como foi no anterior
Todo dia nasce um novo amor
Que no outro dia a gente esquece
Todo o dia bem ou mal
O relógio bate na hora marcada
Todo o dia é a mesma estrada
Sem placa, sem praça, sem sinal.
Todo dia é um dia diferente:
Eu é que sou indiferente.
terça-feira, abril 29, 2008
No mundo em que me encontro
não tem ponto de chegada
nem de partida:
não existe despedida.
Os corações que se amam
não se reclamam
apenas se amam
apenas se amam
e chamam a chama
do amor que queima dentro deles
de simplicidade.
A maldade, embora conheça tudo,
embora seja encontrada em todos,
é prisioneira no cárcere
da razão.
No mundo em que me encontro
não existe razão
não existe matemática
não existe metafísica
não existe o dito
não existe o erudito
não existe falas enfáticas
como se a verdade pertencesse
não existe a beleza
não existe a tristeza
porque a felicidade que queima
dentro de todos é chamada
de simplicidade.
No mundo em que me encontro
de tanto ter coisas
que não existem,
quase que não existe
sua própria existência
não tem ponto de chegada
nem de partida:
não existe despedida.
Os corações que se amam
não se reclamam
apenas se amam
apenas se amam
e chamam a chama
do amor que queima dentro deles
de simplicidade.
A maldade, embora conheça tudo,
embora seja encontrada em todos,
é prisioneira no cárcere
da razão.
No mundo em que me encontro
não existe razão
não existe matemática
não existe metafísica
não existe o dito
não existe o erudito
não existe falas enfáticas
como se a verdade pertencesse
não existe a beleza
não existe a tristeza
porque a felicidade que queima
dentro de todos é chamada
de simplicidade.
No mundo em que me encontro
de tanto ter coisas
que não existem,
quase que não existe
sua própria existência
sábado, abril 26, 2008
Conversa comigo, meu amigo
conta-me das contradições
do teu pensamento elevado.
Não seja arrogante em dizer
que não as tem.
Não seja modesto em dizer
que não o tem.
Eu sei muito bem quem és.
Onde estás.
Como se fosse minha própria aflição.
Meu irmão, quantas angústias
já tivemos juntas.
Quantas lágrimas já não nos rolaram juntas.
Quantas palavras jogadas ao ar
já não nos saíram juntas.
E as risadas.
Os palavrões.
Os sermões.
As injúrias.
As blasfêmias.
As fêmeas.
Juntas.
Não há de ser na hora da morte
que me vais esconder teu pensamento.
Não há de ser na hora da morte
que eu terei que enfrentar o escuro
sozinho:
Me conta agora das tuas contradições
para que eu posso enfrentar as minhas.
conta-me das contradições
do teu pensamento elevado.
Não seja arrogante em dizer
que não as tem.
Não seja modesto em dizer
que não o tem.
Eu sei muito bem quem és.
Onde estás.
Como se fosse minha própria aflição.
Meu irmão, quantas angústias
já tivemos juntas.
Quantas lágrimas já não nos rolaram juntas.
Quantas palavras jogadas ao ar
já não nos saíram juntas.
E as risadas.
Os palavrões.
Os sermões.
As injúrias.
As blasfêmias.
As fêmeas.
Juntas.
Não há de ser na hora da morte
que me vais esconder teu pensamento.
Não há de ser na hora da morte
que eu terei que enfrentar o escuro
sozinho:
Me conta agora das tuas contradições
para que eu posso enfrentar as minhas.
terça-feira, abril 15, 2008
Não se sabe o que vem de dentro
e quando submerge um sentimento
é tarde demais para sabê-lo.
O pensamento: escravo.
A força vem de ti.
A fraqueza vem de ti.
O sopro.
A respiração.
O bater do meu coração.
A solidão.
O pão.
Vêm de ti.
E me matas ainda.
E bem sabes que me matas.
Teu olhar
A maneira que sorris pra mim
me dizem que sabes em segredo que me matas.
Mas eu morro.
E morrerei.
A cada instante.
Morrerei.
Porque sei:
O ar que eu respiro vem de ti.
O sol que me queima vem dos teus cabelos...
e quando submerge um sentimento
é tarde demais para sabê-lo.
O pensamento: escravo.
A força vem de ti.
A fraqueza vem de ti.
O sopro.
A respiração.
O bater do meu coração.
A solidão.
O pão.
Vêm de ti.
E me matas ainda.
E bem sabes que me matas.
Teu olhar
A maneira que sorris pra mim
me dizem que sabes em segredo que me matas.
Mas eu morro.
E morrerei.
A cada instante.
Morrerei.
Porque sei:
O ar que eu respiro vem de ti.
O sol que me queima vem dos teus cabelos...
quarta-feira, abril 09, 2008
Que culpa tenho eu
de sentir e
saber que o porvir
não revela muito do que
poderia ter sido
e as possibilidades
se perdem no desconhecido.
É agora que eu mudo.
É agora que eu sinto.
Não será num ontem
Nem num amanhã,
e tudo parece tão errado
tão fora do enredo
tão sem contexto
como se descobrisse
que o curso natural
dos acontecimentos
nunca fora tão natural assim.
Mas que culpa tenho eu
de querer e
pasmar ao ver
cada linha do teu rosto
cada nuança dos teus olhos
cada timidez no teu sorriso
que culpa tenho eu?
que culpa?
de sentir e
saber que o porvir
não revela muito do que
poderia ter sido
e as possibilidades
se perdem no desconhecido.
É agora que eu mudo.
É agora que eu sinto.
Não será num ontem
Nem num amanhã,
e tudo parece tão errado
tão fora do enredo
tão sem contexto
como se descobrisse
que o curso natural
dos acontecimentos
nunca fora tão natural assim.
Mas que culpa tenho eu
de querer e
pasmar ao ver
cada linha do teu rosto
cada nuança dos teus olhos
cada timidez no teu sorriso
que culpa tenho eu?
que culpa?
terça-feira, março 18, 2008
Quantas vezes a ti mesmo negaste
na angústia de caminhar em vão?
Quantas vezes a esmo caminhaste
com teu companheiro a te negar um pão?
Tuas botas sem meia, teus panos em traste,
tua boca sedenta de uma oração.
A ave-maria aparece covarde
no pulso ferido do teu irmão.
Revoltas revolto nos teus espelhos
os olhos latentes mirados pro chão.
Tua força não leva mais o signo vermelho,
nem martelo nem foice o teu brasão.
O sonho perdido não tem cor.
A juventude derrotada não tem símbolo.
Não tem estandarte o fim do amor.
Não tem nome o que jaz no limbo.
na angústia de caminhar em vão?
Quantas vezes a esmo caminhaste
com teu companheiro a te negar um pão?
Tuas botas sem meia, teus panos em traste,
tua boca sedenta de uma oração.
A ave-maria aparece covarde
no pulso ferido do teu irmão.
Revoltas revolto nos teus espelhos
os olhos latentes mirados pro chão.
Tua força não leva mais o signo vermelho,
nem martelo nem foice o teu brasão.
O sonho perdido não tem cor.
A juventude derrotada não tem símbolo.
Não tem estandarte o fim do amor.
Não tem nome o que jaz no limbo.
domingo, março 02, 2008
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
Nasceu uma bela flor
num jardim habitado
pelas sombras e pelo frio.
Morreu o amor
no momento exato
que lhe foi dado o brio.
Nasceu robusta, forte
com seu pungente espinho
eriçado para frente.
Nasceu trazendo a morte
de quem sempre
viveu descrente.
Hoje ela vive altiva
na escuridão ostenta
o seu descampado.
E enquanto estiver viva
seu espinho castigará
o coração dos enamorados.
num jardim habitado
pelas sombras e pelo frio.
Morreu o amor
no momento exato
que lhe foi dado o brio.
Nasceu robusta, forte
com seu pungente espinho
eriçado para frente.
Nasceu trazendo a morte
de quem sempre
viveu descrente.
Hoje ela vive altiva
na escuridão ostenta
o seu descampado.
E enquanto estiver viva
seu espinho castigará
o coração dos enamorados.
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
XIX
Quando pensei que já era tarde,
Tu apareceu trazendo um novo dia,
Enchendo de calor minha noite fria,
Tornando orgulhoso o que era covarde.
Com olhos puros, sem fazer alarde,
Lânguido coração que em mim sofria
Ensimesmado em sua melancolia,
Transformou no coração que em mim arde.
E eu que sempre amei luas e estrelas
Porque acreditava na solidão
Dos astros, agora abro as janelas
E percebo que o espaço está em chamas,
Transbordando sedento de paixão.
Por saber, meu amor, que tu me amas.
Tu apareceu trazendo um novo dia,
Enchendo de calor minha noite fria,
Tornando orgulhoso o que era covarde.
Com olhos puros, sem fazer alarde,
Lânguido coração que em mim sofria
Ensimesmado em sua melancolia,
Transformou no coração que em mim arde.
E eu que sempre amei luas e estrelas
Porque acreditava na solidão
Dos astros, agora abro as janelas
E percebo que o espaço está em chamas,
Transbordando sedento de paixão.
Por saber, meu amor, que tu me amas.
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
terça-feira, janeiro 22, 2008
quinta-feira, janeiro 17, 2008
Tenho tamanha curiosidade
em conhecer o que me pára
o que me cala o que me faz
ser assim indiferente a todos
Essa lânguidez constante em meu corpo
que me faz querer estar sozinho
mas que me faz querer receber
um carinho silencioso de quem eu gosto
Tenho tamanha curiosidade
em conhecer o que me faz
querer gritar e também o que me
contém esse grito na garganta
Essa mão que estrangula constante
meu pescoço (eu sinto tão nítidos
os dedos do meu carrasco,
mas ele não está em lugar algum)
Tenho tamanha curiosidade
em conhecer o que aperta o
meu peito de repente, quando
tudo se encaminha para felicidade
Esse descontentamento constante
que eu vejo a cada simples instante
em todo o lugar para que olho
e em todo o sorriso que me encanta
em conhecer o que me pára
o que me cala o que me faz
ser assim indiferente a todos
Essa lânguidez constante em meu corpo
que me faz querer estar sozinho
mas que me faz querer receber
um carinho silencioso de quem eu gosto
Tenho tamanha curiosidade
em conhecer o que me faz
querer gritar e também o que me
contém esse grito na garganta
Essa mão que estrangula constante
meu pescoço (eu sinto tão nítidos
os dedos do meu carrasco,
mas ele não está em lugar algum)
Tenho tamanha curiosidade
em conhecer o que aperta o
meu peito de repente, quando
tudo se encaminha para felicidade
Esse descontentamento constante
que eu vejo a cada simples instante
em todo o lugar para que olho
e em todo o sorriso que me encanta
terça-feira, janeiro 15, 2008
Fico parado.
Meus movimentos
não sabem me obedecer.
Grito pra dentro:
O que se ouve é um zunido
de uma agonia que ninguém vê.
O pulmão fecha-se por um momento,
quando volto a respirar
estou anelante e soluçando.
Tenho ganas de arrancar meu coração
e dizê-lo sangrando em minhas mãos:
- Pronto, agora já pode parar de doer.
Mas ele me reponde indiferente:
- Estou pronto para morrer.
Meus movimentos
não sabem me obedecer.
Grito pra dentro:
O que se ouve é um zunido
de uma agonia que ninguém vê.
O pulmão fecha-se por um momento,
quando volto a respirar
estou anelante e soluçando.
Tenho ganas de arrancar meu coração
e dizê-lo sangrando em minhas mãos:
- Pronto, agora já pode parar de doer.
Mas ele me reponde indiferente:
- Estou pronto para morrer.
sábado, janeiro 05, 2008
Quando pensei na morte
pela primeira vez,
me recolhi a um canto
da minha velha casa
com os bonecos que eu
mais gostava de brincar
e me entristeci por um momento:
a partir de então,
meus vilões e meus heróis
morriam nas batalhas e
os derrotados eram jogados
para dentro do boeiro
pela primeira vez,
me recolhi a um canto
da minha velha casa
com os bonecos que eu
mais gostava de brincar
e me entristeci por um momento:
a partir de então,
meus vilões e meus heróis
morriam nas batalhas e
os derrotados eram jogados
para dentro do boeiro
da esquina e ali
eram esquecidos.
Mas agora
não tenho mais brinquedos,
hoje quem perde as batalhas sou eu,
eu é que não tenho mundo:
onde vou me jogar?
Mas agora
não tenho mais brinquedos,
hoje quem perde as batalhas sou eu,
eu é que não tenho mundo:
onde vou me jogar?
A janela aberta
não ilumina com seu dia
a parede de tijolos a vista
da velha casa da esquina
Ninguém aparece a tempos
e ninguém aparecerá
a casa estará para sempre
da maneira que está
Aquele grito que continha
o sorriso que testemunhou
os amores que segredou
deixaram-na sozinha
Agora somente um fantasma a habita
sem rosto, sem cor, sem nome,
sem sede, sem frio, sem fome:
escuramente povoada pela
esperança de vida.
não ilumina com seu dia
a parede de tijolos a vista
da velha casa da esquina
Ninguém aparece a tempos
e ninguém aparecerá
a casa estará para sempre
da maneira que está
Aquele grito que continha
o sorriso que testemunhou
os amores que segredou
deixaram-na sozinha
Agora somente um fantasma a habita
sem rosto, sem cor, sem nome,
sem sede, sem frio, sem fome:
escuramente povoada pela
esperança de vida.
sexta-feira, janeiro 04, 2008
Quero conquistar-te
todos os dias
amar-te agora e
renovar o amor a casa instante
e receber a inevitável dor
como a fiel precursora
da alegria
E então quero
encantado em teu sabor
sem cansaço e sem suor
e sem elegia
pintar-te dentro
de mim em poesia
fazendo do teu sorriso
toda a cor e
nuança da arte
Para quando me sentir
sem chão sem pátria
sem mundo
para quando meu coração
esvaziar-se de repente
sem razão
eu possa te ver te sentir
e te querer em toda parte
e ostentar teu amor
como estandarte
todos os dias
amar-te agora e
renovar o amor a casa instante
e receber a inevitável dor
como a fiel precursora
da alegria
E então quero
encantado em teu sabor
sem cansaço e sem suor
e sem elegia
pintar-te dentro
de mim em poesia
fazendo do teu sorriso
toda a cor e
nuança da arte
Para quando me sentir
sem chão sem pátria
sem mundo
para quando meu coração
esvaziar-se de repente
sem razão
eu possa te ver te sentir
e te querer em toda parte
e ostentar teu amor
como estandarte
quarta-feira, janeiro 02, 2008
E em cada pedra que chutava, ao acaso, pelo simples fato de estar distraído com os pensamentos, sentia como se chutasse as estrelas que do céu tivessem caído. Chutava e reorganizava as
constelações uma a uma: Olha! gritava ele bem alto para todo mundo ouvir, Essa aqui se parece com o rosto dela! E então se alegrava e pulava e beijava a lua nos paralelepípedos de pedra.
constelações uma a uma: Olha! gritava ele bem alto para todo mundo ouvir, Essa aqui se parece com o rosto dela! E então se alegrava e pulava e beijava a lua nos paralelepípedos de pedra.
sábado, dezembro 29, 2007
Egotismo
Enfeita tua cabeça
com o que te faz feliz.
Tatua teu corpo
com teu sorriso,
mas mais ressaltado.
Pinta a ponta do teu nariz
com os objetivos alcançados.
Mostra nua tua alma.
Coloca-te num pedestal.
Unja a cabeça de
teus amigos com tuas
lágrimas de felicidade.
Encanta teu mundo e
enobreça a todos com
o que te é especial.
Que enquanto isso, aqui
nesse canto sem chão, sozinho,
eu vou degustando pouco a pouco
o pouquinho que é meu.
com o que te faz feliz.
Tatua teu corpo
com teu sorriso,
mas mais ressaltado.
Pinta a ponta do teu nariz
com os objetivos alcançados.
Mostra nua tua alma.
Coloca-te num pedestal.
Unja a cabeça de
teus amigos com tuas
lágrimas de felicidade.
Encanta teu mundo e
enobreça a todos com
o que te é especial.
Que enquanto isso, aqui
nesse canto sem chão, sozinho,
eu vou degustando pouco a pouco
o pouquinho que é meu.
Mas sem esquecer de lamber
os dedos no final.
os dedos no final.
terça-feira, dezembro 04, 2007
Em meu poder tenho o nada
e o nada faz parte e reparte a vida e a morte
possuo tudo o que vejo e que não vejo
possuo o que não pode ser sentido
e também o que não tem sentido
o silêncio calado surdo e mudo
do tumulto das vozes que não conheço
o desejo corrosivo da minha voz que não entendo
ou entendo mas fraco não obedeço
O poema não escrito e mal escrito
as palavras jogadas no ar
o escrito não descrito indiscreto
e do grito possuo aquele horror
que sai e tranca e afoga e chora
inefável expressão do nada do agora
na minha carne a decisão protelada
do mas do porém e do embora
das dúvidas marcadas nas traças
nos traços do meu rosto
da vontade inata daquele sim
da morte exata do que me mata
Possuo o antes o amanhã e o talvez
o hoje o ontem e o nunca mais
o sempre do tempo que infinito
passa na minha frente como um mito
e acreditar que não se acredita no que dói
então possuo um mundo mais bonito
de sabores e flores e amores
sem afagos e laços de apressores
o pernóstico pernicioso de um amigo
quem sabe como a segurança de um abrigo
Possuo toda tarde um pôr-do-sol
com nuvem sem nuvem com arrebol
uma cidade que está cravada em mim
ou sem mim ou enfim cravada está
possuo o que quero e o que não quero
o que espero que seja e não será
um amor que divide a vida inteira
a família que unida canta sempre
com o tom sem o tom mas sempre dança
E de tudo possuo e nada tenho
do que sei desse mundo do que leio
e tudo se acaba na morte que ainda não veio
mas veio virá e constante está vinda
num instante está e escurece o que era sol
e o tudo que tenho vai levando
levando eu possuindo e sendo
querendo que tudo seja meu
e enquanto não chega o juízo final
e a escuridão não esteja dentro em mim
e o azul do céu não seja caos
eu caminho e corro e sangro e vou
sempre possuindo o que não se sabe.
e o nada faz parte e reparte a vida e a morte
possuo tudo o que vejo e que não vejo
possuo o que não pode ser sentido
e também o que não tem sentido
o silêncio calado surdo e mudo
do tumulto das vozes que não conheço
o desejo corrosivo da minha voz que não entendo
ou entendo mas fraco não obedeço
O poema não escrito e mal escrito
as palavras jogadas no ar
o escrito não descrito indiscreto
e do grito possuo aquele horror
que sai e tranca e afoga e chora
inefável expressão do nada do agora
na minha carne a decisão protelada
do mas do porém e do embora
das dúvidas marcadas nas traças
nos traços do meu rosto
da vontade inata daquele sim
da morte exata do que me mata
Possuo o antes o amanhã e o talvez
o hoje o ontem e o nunca mais
o sempre do tempo que infinito
passa na minha frente como um mito
e acreditar que não se acredita no que dói
então possuo um mundo mais bonito
de sabores e flores e amores
sem afagos e laços de apressores
o pernóstico pernicioso de um amigo
quem sabe como a segurança de um abrigo
Possuo toda tarde um pôr-do-sol
com nuvem sem nuvem com arrebol
uma cidade que está cravada em mim
ou sem mim ou enfim cravada está
possuo o que quero e o que não quero
o que espero que seja e não será
um amor que divide a vida inteira
a família que unida canta sempre
com o tom sem o tom mas sempre dança
E de tudo possuo e nada tenho
do que sei desse mundo do que leio
e tudo se acaba na morte que ainda não veio
mas veio virá e constante está vinda
num instante está e escurece o que era sol
e o tudo que tenho vai levando
levando eu possuindo e sendo
querendo que tudo seja meu
e enquanto não chega o juízo final
e a escuridão não esteja dentro em mim
e o azul do céu não seja caos
eu caminho e corro e sangro e vou
sempre possuindo o que não se sabe.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Bilhete
Nos cacos de vidro
do copo de cerveja
estilhaçado no chão,
vi eu - vi tu:
aqueles cacos um dia
foram um só corpo.
do copo de cerveja
estilhaçado no chão,
vi eu - vi tu:
aqueles cacos um dia
foram um só corpo.
terça-feira, novembro 27, 2007
Da bebida
Respira.
Inspira.
Expira.
Os cachorros latem
na rua.
Minha cabeça gira.
A lua gira.
A pomba-gira
do despacho da esquina
vem até mim
sensualmente,
eu não sei
o que fazer.
Coração bate forte.
O sol bate forte
no meu rosto.
Acordo com gosto
de cachaça na boca
sem saber onde estou.
Inspira.
Expira.
Os cachorros latem
na rua.
Minha cabeça gira.
A lua gira.
A pomba-gira
do despacho da esquina
vem até mim
sensualmente,
eu não sei
o que fazer.
Coração bate forte.
O sol bate forte
no meu rosto.
Acordo com gosto
de cachaça na boca
sem saber onde estou.
sexta-feira, novembro 23, 2007
Quando ele chegava mansinho - bonito, cheiroso e de muito boa retidão vertebral, querendo chamar sua atenção a torto e a direito, ela dizia indiferente, Não te quero. Então ele, desgostoso que havia ficado por tanta injustiça e rejeição, deixou sua aparência a cargo do tempo. Dali com um passar de meses, foi ter com a moça novamente. Dessa vez apresentando-se o exato oposto a seus primeiros contatos. Ela olhando-o de longe, vindo em sua direção, assustou-se com tão inesperada cena. Quando ele se chegou suficientemente perto, ela sem esperar qualquer palavra que porventura pudesse ser pronunciada por aquela boca fétida, abriu sua bolsa e com um olhar de compaixão ofereceu-lhe um sanduiche com margarina, queijo e mortadela feito por sua mãe. Ele sorriu.
quarta-feira, novembro 21, 2007
terça-feira, novembro 20, 2007
LVI
Me sinto bem feliz ensimesmado.
A minha volta, tudo só se faz,
E nesse pensamento e nessa paz,
Teço o dia, a vida, o passado:
Tenho o que foi, tenho o que vem, um fado -
E tudo daquele sonho que jaz
Junto a tudo que ficou pra trás
E que, triste, não foi realizado.
Tenho no fundo uma saudade imensa
Que não se mostra na expressão da face.
Dentro de mim um novo ser que nasce
A cada pôr-do-sol - cada manhã:
E tenho (agora) mais uma hora vã
A pensar o que todo mundo pensa.
A minha volta, tudo só se faz,
E nesse pensamento e nessa paz,
Teço o dia, a vida, o passado:
Tenho o que foi, tenho o que vem, um fado -
E tudo daquele sonho que jaz
Junto a tudo que ficou pra trás
E que, triste, não foi realizado.
Tenho no fundo uma saudade imensa
Que não se mostra na expressão da face.
Dentro de mim um novo ser que nasce
A cada pôr-do-sol - cada manhã:
E tenho (agora) mais uma hora vã
A pensar o que todo mundo pensa.
terça-feira, novembro 13, 2007
sexta-feira, novembro 02, 2007
A casa fala.
Os espelhos enxergam
Mais do que imaginamos.
Cada canto tem uma história
Pra contar.
Nós vivemos o presente
Não há dúvida.
Mas tudo o que passou
Nos olha cheio de ira
pelo não saber aproveitar.
A casa fala
Bem baixinho...
As vozes estão enclausuradas
Numa perpétua vontade de
Gritar. Numa ânsia de vida.
Cada canto esconde uma ruga,
Eu bem sei.
O novo, o belo, o futuro,
Nada pode me enganar...
Eu sei que o que passa
Fica no mesmo lugar.
Levantam-se gritos!
As portas rangendo
São meus ossos envelhecidos.
O cheiro de mofo é o
Guardado do meu sexo...
Rebenta choro de
Séculos passados
Lágrimas que não
Puderam rolar.
Lágrimas que choram por mim!
Lágrimas que são meus
Desejos escondidos
Sabe-se lá onde...
Só agora descobri!
Desejos meramente desejados!
Esperneia o tempo passando.
Não há como parar!
Rebenta ponteiro do relógio
Que eu não quero mais
Te escutar...
Passar, passar, passar...
Até quando passará?
A casa guarda teus segredos,
Por que só eu te ouço falar?
Ah! Mas eu não agüento
o tédio!
O meu corpo se perde
Na morte que o aguarda,
Mas ainda falta tanto tempo?
Os dias se vão tão rápidos
Com os minutos tão lentos!
Mas a casa...
A casa não sabe que horas são.
Os espelhos enxergam
Mais do que imaginamos.
Cada canto tem uma história
Pra contar.
Nós vivemos o presente
Não há dúvida.
Mas tudo o que passou
Nos olha cheio de ira
pelo não saber aproveitar.
A casa fala
Bem baixinho...
As vozes estão enclausuradas
Numa perpétua vontade de
Gritar. Numa ânsia de vida.
Cada canto esconde uma ruga,
Eu bem sei.
O novo, o belo, o futuro,
Nada pode me enganar...
Eu sei que o que passa
Fica no mesmo lugar.
Levantam-se gritos!
As portas rangendo
São meus ossos envelhecidos.
O cheiro de mofo é o
Guardado do meu sexo...
Rebenta choro de
Séculos passados
Lágrimas que não
Puderam rolar.
Lágrimas que choram por mim!
Lágrimas que são meus
Desejos escondidos
Sabe-se lá onde...
Só agora descobri!
Desejos meramente desejados!
Esperneia o tempo passando.
Não há como parar!
Rebenta ponteiro do relógio
Que eu não quero mais
Te escutar...
Passar, passar, passar...
Até quando passará?
A casa guarda teus segredos,
Por que só eu te ouço falar?
Ah! Mas eu não agüento
o tédio!
O meu corpo se perde
Na morte que o aguarda,
Mas ainda falta tanto tempo?
Os dias se vão tão rápidos
Com os minutos tão lentos!
Mas a casa...
A casa não sabe que horas são.
segunda-feira, outubro 15, 2007
quarta-feira, outubro 10, 2007
Moto-contínuo
Viro a face e torno-me
a bater ainda mais forte.
Os dentes quebram.
Os lábios sangram.
A boca grita.
A cabeça dói.
Um loucura acesa
no meio da noite
e não se tem pra onde ir:
as portas estão fechadas.
não se tem com quem conversar:
estão todos mortos.
A presença comigo mesmo
é obrigatória dia e noite e
sempre mais inóspita.
Não há pensamento bom,
nem palavra que alivie
o iminente suicídio da vida.
Um suicídio lento, doloroso,
uma agonia que faz sentir
que realmente se está vivo
e tudo não é uma simples
brincadeira de mau gosto.
E quando a dor passar
e a vida estiver imersa
no silêncio das coisas que
não existem, eu viro a face
e torno-me a bater
ainda mais forte.
a bater ainda mais forte.
Os dentes quebram.
Os lábios sangram.
A boca grita.
A cabeça dói.
Um loucura acesa
no meio da noite
e não se tem pra onde ir:
as portas estão fechadas.
não se tem com quem conversar:
estão todos mortos.
A presença comigo mesmo
é obrigatória dia e noite e
sempre mais inóspita.
Não há pensamento bom,
nem palavra que alivie
o iminente suicídio da vida.
Um suicídio lento, doloroso,
uma agonia que faz sentir
que realmente se está vivo
e tudo não é uma simples
brincadeira de mau gosto.
E quando a dor passar
e a vida estiver imersa
no silêncio das coisas que
não existem, eu viro a face
e torno-me a bater
ainda mais forte.
LV
O que será que ela leva na boca,
Na pele? que encanto traz nos cabelos
Que prende e arrasta meus olhos ao vê-los?
Que paixão é essa que ferve louca?
O que será que ela tem que me rouba
Todos os pensamentos e quer tê-los
Somente dela e ao enlouquecê-los
Me morde e rasga com dentes de loba?
De onde vem ela assim de repente
que desnorteia o caminho sabido?
Me leva lasciva onde minha retina
Jamais ousara pousar sua lente,
E faz febre o que frio teria sido,
Sendo quente até mesmo no nome: Kétina.
Na pele? que encanto traz nos cabelos
Que prende e arrasta meus olhos ao vê-los?
Que paixão é essa que ferve louca?
O que será que ela tem que me rouba
Todos os pensamentos e quer tê-los
Somente dela e ao enlouquecê-los
Me morde e rasga com dentes de loba?
De onde vem ela assim de repente
que desnorteia o caminho sabido?
Me leva lasciva onde minha retina
Jamais ousara pousar sua lente,
E faz febre o que frio teria sido,
Sendo quente até mesmo no nome: Kétina.
sexta-feira, outubro 05, 2007
quinta-feira, outubro 04, 2007
LIV
De quem são esses rostos? que caminho
Essas estranhas pernas vão trilhando?
No que será que estão todos pensando?
Por que me olham com olhos de escarninho?
(Senta-te aqui que eu pago uma cerveja,
O centro é sujo mas é nosso lar,
O bar é sujo mas é nosso bar -
O dia se acaba e a noite nos beija.)
E os corpos passam indiferentes;
Uma barata acariciou meu pé;
Mas na igreja disseram pra ter fé:
Jesus nos salvará e ele não mente!
E enquanto choro meu choro miudinho
O sol no rio também se vai sozinho...
Essas estranhas pernas vão trilhando?
No que será que estão todos pensando?
Por que me olham com olhos de escarninho?
(Senta-te aqui que eu pago uma cerveja,
O centro é sujo mas é nosso lar,
O bar é sujo mas é nosso bar -
O dia se acaba e a noite nos beija.)
E os corpos passam indiferentes;
Uma barata acariciou meu pé;
Mas na igreja disseram pra ter fé:
Jesus nos salvará e ele não mente!
E enquanto choro meu choro miudinho
O sol no rio também se vai sozinho...
quarta-feira, outubro 03, 2007
LIII
Busco o amor que ame sem explicação.
Apenas ame, sem mais nem por que...
E que saiba num só olhar dizer
O que não sabe dizer a razão.
Que de repente faça o coração
Congelado queimar-se todo em brasa
E que faça da brasa uma paixão
Que sem precisar alarmar arrasa...
E que não seja imposto pela atitude
Que planeja em detalhes o futuro
(um plano sempre é feito de ilusão)
Busco o amor imenso na quietude;
O amor que se esconde atrás do muro;
O amor que ame sem explicação...
Apenas ame, sem mais nem por que...
E que saiba num só olhar dizer
O que não sabe dizer a razão.
Que de repente faça o coração
Congelado queimar-se todo em brasa
E que faça da brasa uma paixão
Que sem precisar alarmar arrasa...
E que não seja imposto pela atitude
Que planeja em detalhes o futuro
(um plano sempre é feito de ilusão)
Busco o amor imenso na quietude;
O amor que se esconde atrás do muro;
O amor que ame sem explicação...
domingo, setembro 30, 2007
I
Um afago se viu
No meio da rua
Um afago no rosto
no rosto da lua
Soberana e tímida
A lua se escondeu
Por de trás das nuvens
Aos poucos enrubesceu.
II
A lua está sangrando!
Assassinaram a lua!
É o fim dos tempos
Dos tempos da noite!
As pessoas gritavam
Um grito de raiva
De raiva da perda:
Uma sede de vingança.
III
Um crime passional
Chegaram a conclusão
Coisa de poeta!
E começou a matança.
A noite sangrando
As pessoas uivando:
A cada minuto
Morria mais poesia.
IV
A lua apaixonada
Ao ver seus amantes
Morrendo de repente
Começou a chorar
Um choro tão triste
Com um soar desesperado:
A terra se inundou
De tanto pesar.
V
Depois dessa noite
A noite nunca mais
Conseguiu ser a mesma
nem a literatura
A luz do luar
Transformava homens
Em lobisomens
Mulheres em prostitutas
As estrelas desapareceram
Uma de cada vez
O céu ficou negro
Negro como a morte.
Um afago se viu
No meio da rua
Um afago no rosto
no rosto da lua
Soberana e tímida
A lua se escondeu
Por de trás das nuvens
Aos poucos enrubesceu.
II
A lua está sangrando!
Assassinaram a lua!
É o fim dos tempos
Dos tempos da noite!
As pessoas gritavam
Um grito de raiva
De raiva da perda:
Uma sede de vingança.
III
Um crime passional
Chegaram a conclusão
Coisa de poeta!
E começou a matança.
A noite sangrando
As pessoas uivando:
A cada minuto
Morria mais poesia.
IV
A lua apaixonada
Ao ver seus amantes
Morrendo de repente
Começou a chorar
Um choro tão triste
Com um soar desesperado:
A terra se inundou
De tanto pesar.
V
Depois dessa noite
A noite nunca mais
Conseguiu ser a mesma
nem a literatura
A luz do luar
Transformava homens
Em lobisomens
Mulheres em prostitutas
As estrelas desapareceram
Uma de cada vez
O céu ficou negro
Negro como a morte.
quarta-feira, setembro 26, 2007
terça-feira, setembro 25, 2007
Não foi num dia alegre
que te descobri, poesia,
nem mesmo foi cantando
amor; não foi num
dia repleto de cor,
poesia, a primeira
vez que te senti.
Foi andando na rua
de tristeza em tristeza;
foi de calos inchados
e de profundas olheiras;
foi no dia que o universo
chorava mais uma vez
a dor de tudo o que existe
que eu triste te constatei:
Vou fazer, poesia, poesia
dos escombros do mundo.
que te descobri, poesia,
nem mesmo foi cantando
amor; não foi num
dia repleto de cor,
poesia, a primeira
vez que te senti.
Foi andando na rua
de tristeza em tristeza;
foi de calos inchados
e de profundas olheiras;
foi no dia que o universo
chorava mais uma vez
a dor de tudo o que existe
que eu triste te constatei:
Vou fazer, poesia, poesia
dos escombros do mundo.
sábado, setembro 22, 2007
Suicídio da semana que vem
Os olhos arregalados
sem saber para
onde olhar
se desviassem para
aqui ou para ali
pra lá ou pra cá
o lugar não saia
da retina
o lugar não saia
do lugar.
E mesmo se visse
adolescentes cheirando
cocaína, sorria
como se fosse
uma piada de rotina
olhos arregalados
todo lugar é o
mesmo lugar.
Correria de polícia
mortos nas esquinas
minha mãe transa
com o vizinho
meu pai bate
na minha mãe
o amor
o amor
compensa tudo
eu sou gay
ninguém sabe:
olhos arregalados
todo lugar
é poesia.
sem saber para
onde olhar
se desviassem para
aqui ou para ali
pra lá ou pra cá
o lugar não saia
da retina
o lugar não saia
do lugar.
E mesmo se visse
adolescentes cheirando
cocaína, sorria
como se fosse
uma piada de rotina
olhos arregalados
todo lugar é o
mesmo lugar.
Correria de polícia
mortos nas esquinas
minha mãe transa
com o vizinho
meu pai bate
na minha mãe
o amor
o amor
compensa tudo
eu sou gay
ninguém sabe:
olhos arregalados
todo lugar
é poesia.
sexta-feira, setembro 21, 2007
Contanto que não me exceda em desaforos pode ser. Minha mãe é bonita mas é legal, sabe bem como apreciar um vinho. Dá pra fazer um encontro e uma orgia daquelas. Já até convidei Satanás pra festa, ele disse que iria torturar umas almas e tentar dissuadir alguns anjos. Com essas criaturas vindas de lá é sempre brabo de se lidar. Satanás é bem esperto mas ele cansa, sabe como é que é né, trabalhar no inferno não é fácil. Ainda mais com a quantidade de almas entrando todos os dias. Ouvi dizer que meu pai já está até removendo alguns itens da lei universal do pecado, parece que ser prostituta já não é mais tão pecado assim. Fruto da merda que eu fiz quando estive na terra, ruim pra nós. Tenho certeza que Satanás dará um jeitinho de sair e beber um vinho conosco, ele não resiste a um sabor diferente. Imagina ficar bebendo sangue e sangue e sangue todos os dias. Só de pensar me dá enjôo.
Agora se aquela pomba vier dizendo com aquela cara de esperma envelhecido que minha mãe é uma santa obra de Deus eu vou mandar ela pros quintos. Minha mãe é uma criatura íntegra, digna dos mais escuros recônditos infernais. Ela tem aquela cara de santa tu sabe por quê, ela tem que enganar direitinho o dito todo poderoso, de outra maneira como a gente iria conseguir ter o controle das ações dele. Eu também me coloco esses olhos azuis para esconder os meus vermelhos, eu tenho essa barba pra esconder meus caninos, eu fui à terra, fiz um teatro e agora ele é orgulhoso de mim.
Agora se aquela pomba vier dizendo com aquela cara de esperma envelhecido que minha mãe é uma santa obra de Deus eu vou mandar ela pros quintos. Minha mãe é uma criatura íntegra, digna dos mais escuros recônditos infernais. Ela tem aquela cara de santa tu sabe por quê, ela tem que enganar direitinho o dito todo poderoso, de outra maneira como a gente iria conseguir ter o controle das ações dele. Eu também me coloco esses olhos azuis para esconder os meus vermelhos, eu tenho essa barba pra esconder meus caninos, eu fui à terra, fiz um teatro e agora ele é orgulhoso de mim.
Estou começando a desconfiar que aquela pomba quer dar pro meu pai e não sabe como, então fica ai inventando injúrias contra minha mãe. Um dia desses eu faço ela passar uma eternidade inteirinha aqui, sem nenhum remorso. Aí veremos se ela vai ficar fazendo calúnias depois de todo o tédio e calmaria, depois de ouvir as canções nauseantes dos Querubins e ficar vendo os dentes dos sorrisos simpáticos sólidos como concreto dos habitantes daqui.
Enfim, espero que minha mãe, a "virgem santíssima", não tenha problema nenhum por aí e que sua recepção seja digna da criatura que é.
Choro no Campus
-Nós viemos para mudar.
-Mudar o quê? vocês não são especiais.
-Quem disse?
-Está escrito nas estrelas.
Que tristeza.
-Mudar o quê? vocês não são especiais.
-Quem disse?
-Está escrito nas estrelas.
Que tristeza.
quinta-feira, setembro 20, 2007
Passa Tempo Passa
Lembro e não há
nesse mundo nada
mais triste do que lembrar.
O que fomos, quem
costumávamos ser,
o que pensamos, que
costumávamos pensar,
tudo fica pra trás.
Dizemos que evoluimos
como se fizesse
alguma diferença.
No fim somos o que
sempre fomos
e ninguém pode nos salvar:
Lembro e não há
nesse mundo nada
mais triste do que lembrar:
Estamos perdidos
e o tempo não sai
do mesmo lugar...
nesse mundo nada
mais triste do que lembrar.
O que fomos, quem
costumávamos ser,
o que pensamos, que
costumávamos pensar,
tudo fica pra trás.
Dizemos que evoluimos
como se fizesse
alguma diferença.
No fim somos o que
sempre fomos
e ninguém pode nos salvar:
Lembro e não há
nesse mundo nada
mais triste do que lembrar:
Estamos perdidos
e o tempo não sai
do mesmo lugar...
segunda-feira, setembro 10, 2007
" "
O perfeito foi feito
para ser perfeito
não para ser rarefeito
e dia a dia desfeito
pelo asco do despeito
perdendo-se de um jeito
sem nenhum santo peito
para poder amamentar
assim morre sem leito
e cheinho de defeito
mas com todo o trejeito
de quem disse ser eleito
o perfeito mais perfeito
coitadinho do sujeito
morreu sem ter respeito
nem peito pra amamentar.
para ser perfeito
não para ser rarefeito
e dia a dia desfeito
pelo asco do despeito
perdendo-se de um jeito
sem nenhum santo peito
para poder amamentar
assim morre sem leito
e cheinho de defeito
mas com todo o trejeito
de quem disse ser eleito
o perfeito mais perfeito
coitadinho do sujeito
morreu sem ter respeito
nem peito pra amamentar.
domingo, setembro 09, 2007
LII
E nada se sabe do que será...
Uma agonia triste e silenciosa
Paira sobre o regaço de um rosa
À sombra de um faminto carcará.
E a morte quebrantada cantará
A boca seca a pele perniciosa,
Os ais profundos da noite porosa
E tudo o que existe a deus-dará.
E quando tudo que somos for carne
morta - quando o pecado lavar a alma
Os dias e as noites hão de dar-me
Razão de ser (tudo lua calma):
Martírio de um sorriso que encantará;
E nada se sabe do que será...
Uma agonia triste e silenciosa
Paira sobre o regaço de um rosa
À sombra de um faminto carcará.
E a morte quebrantada cantará
A boca seca a pele perniciosa,
Os ais profundos da noite porosa
E tudo o que existe a deus-dará.
E quando tudo que somos for carne
morta - quando o pecado lavar a alma
Os dias e as noites hão de dar-me
Razão de ser (tudo lua calma):
Martírio de um sorriso que encantará;
E nada se sabe do que será...
sábado, setembro 08, 2007
LI
Poesia, não foi assim que te
Planejei, não foi assim que te vi
Passar diante dos meu olhos de
Águas rasas de tanto frenesi.
Não foi, poesia, assim que te senti
Na lânguidez do signo que se vê:
Tão pequeno do que fora em si,
Tão maior do que tudo que se lê.
Não foi assim, não foi não, poesia.
Não é minha essa simples agonia
Que mancha à tinta o papel e que veste
A carapuça da literatura;
Eu te quis minha, eu te quis pura:
Diga-me onde foi que te perdeste...
Planejei, não foi assim que te vi
Passar diante dos meu olhos de
Águas rasas de tanto frenesi.
Não foi, poesia, assim que te senti
Na lânguidez do signo que se vê:
Tão pequeno do que fora em si,
Tão maior do que tudo que se lê.
Não foi assim, não foi não, poesia.
Não é minha essa simples agonia
Que mancha à tinta o papel e que veste
A carapuça da literatura;
Eu te quis minha, eu te quis pura:
Diga-me onde foi que te perdeste...
segunda-feira, setembro 03, 2007
De veias se fez
de sangue e de asco
o velho carrasco
que um dia
amou tanto.
Pois sem ter ninguém
que enxugasse
seu pranto
pensou no seu fim
e num momento
de desespero
arrancou
seu próprio
coração
assim.
De sangue e de asco
o velho carrasco
que um dia
amou tanto.
Agora
sem coração mas
de rosto sereno
cantava canções
de amor sem sentir.
O velho carrasco
que um dia
amou tanto
por desencanto
até sua morte
arrancou corações
por aí.
de sangue e de asco
o velho carrasco
que um dia
amou tanto.
Pois sem ter ninguém
que enxugasse
seu pranto
pensou no seu fim
e num momento
de desespero
arrancou
seu próprio
coração
assim.
De sangue e de asco
o velho carrasco
que um dia
amou tanto.
Agora
sem coração mas
de rosto sereno
cantava canções
de amor sem sentir.
O velho carrasco
que um dia
amou tanto
por desencanto
até sua morte
arrancou corações
por aí.
sábado, setembro 01, 2007
Casulo
Eu tenho medo
Medo de respirar
a luz das estrelas
de ofuscar meus olhos
com a luz do sol
Medo de me apaixonar
pela distância da lua
de me encontrar
perdido na noite
Eu tenho medo
muito medo
Medo de respirar
a luz das estrelas
de ofuscar meus olhos
com a luz do sol
Medo de me apaixonar
pela distância da lua
de me encontrar
perdido na noite
Eu tenho medo
muito medo
Invento desculpas
para ficar sozinho,
mas se faz necessário
um corpo de mulher
se faz necessário
o beijo na boca
e a mão na nuca,
mas invento desculpas
para ficar sozinho.
A volúpia da noite
está no seu auge
e eu invento desculpas
para ficar sozinho
sou um cachorro
de rua que foge
da presença humana
procurando
desesperadamente
algo que lhe
sacie a fome.
Olho para mim:
Meu quarto
Essa cama fria
Essa música triste
Essa poesia pobre
Fazem meu universo
e é necessário
o beijo na boca
a mão na nuca
Mas eu invento
desculpas para
ficar sozinho.
para ficar sozinho,
mas se faz necessário
um corpo de mulher
se faz necessário
o beijo na boca
e a mão na nuca,
mas invento desculpas
para ficar sozinho.
A volúpia da noite
está no seu auge
e eu invento desculpas
para ficar sozinho
sou um cachorro
de rua que foge
da presença humana
procurando
desesperadamente
algo que lhe
sacie a fome.
Olho para mim:
Meu quarto
Essa cama fria
Essa música triste
Essa poesia pobre
Fazem meu universo
e é necessário
o beijo na boca
a mão na nuca
Mas eu invento
desculpas para
ficar sozinho.
sexta-feira, agosto 31, 2007
Fazer a diferença?
Que é a diferença que
se faça se por aqui
tudo beira a desgraça?
Manter viva uma crença?
Que é crença que
se tenha se por aqui
tudo termina em nada?
Sentir de tudo o prazer
sem deus e sem futuro.
Viver como se fosse
uma grande mentira.
Porque tudo por aqui
tudo beira a desgraça
tudo por aqui tudo
tudo termina em nada.
Que é a diferença que
se faça se por aqui
tudo beira a desgraça?
Manter viva uma crença?
Que é crença que
se tenha se por aqui
tudo termina em nada?
Sentir de tudo o prazer
sem deus e sem futuro.
Viver como se fosse
uma grande mentira.
Porque tudo por aqui
tudo beira a desgraça
tudo por aqui tudo
tudo termina em nada.
Eu estava me sentindo
tão sozinho que vezenquando
eu falava alto na ânsia
de um diálogo com o eco.
E inventava histórias de amor
para mim mesmo na ânsia
de sonhar a história contada
no momento que adormecesse.
Emtão eu batia forte no peito
como quem espantasse uma dor
e quando chorava eu
pescava minhas lágrimas
na ponta da língua no
medo de que elas secassem.
tão sozinho que vezenquando
eu falava alto na ânsia
de um diálogo com o eco.
E inventava histórias de amor
para mim mesmo na ânsia
de sonhar a história contada
no momento que adormecesse.
Emtão eu batia forte no peito
como quem espantasse uma dor
e quando chorava eu
pescava minhas lágrimas
na ponta da língua no
medo de que elas secassem.
Insônia
Eu escrevo para poder dormir
como quem tomasse comprimido.
Eu escrevo para passar a melancolia
para dentro do caderno.
Nele ela fica estancada
até uma nova melancolia
se formar dentro de mim.
E do jeito que as coisas andam
esse caderno vai acabar
antes mesmo do sol nascer.
como quem tomasse comprimido.
Eu escrevo para passar a melancolia
para dentro do caderno.
Nele ela fica estancada
até uma nova melancolia
se formar dentro de mim.
E do jeito que as coisas andam
esse caderno vai acabar
antes mesmo do sol nascer.
quinta-feira, agosto 30, 2007
O centro da cidade
é frio e cru nas
noites de inverno
assim como é a
beleza da
pobreza pueril.
Uma mãe de
lágrimas fáceis e
sorriso desfalcado
pede dinheiro
na porta do banco
com uma menininha
no colo de olhos
negros
é frio e cru nas
noites de inverno
assim como é a
beleza da
pobreza pueril.
Uma mãe de
lágrimas fáceis e
sorriso desfalcado
pede dinheiro
na porta do banco
com uma menininha
no colo de olhos
negros
A mãe lhe faz
cocegas na barriga
e ela ri (intercalando
tosse) com a
inocência do não
saber, como se
estivesse no circo
As pessoas que
passam tropeçando
na cena riem
satisfeitas.
A menina amanhece
morta.
Nunca mais se soube
da mãe.
Os vivos tem este
defeito: eles morrem.
Murmurou o vento
na noite seguinte.
quarta-feira, agosto 29, 2007
Boba filosofia
Viva a poesia
mas não a esquiva
a do dia-a-dia
a poesia viva!
Não ao que seria
a poesia altiva
puramente fria
com sua forma criva!
Não ao neo-parnaso
que brocha o sentido
por ser erudito!
Sinta o fato raso
o sígno límpido
sem suor, sem rito!
mas não a esquiva
a do dia-a-dia
a poesia viva!
Não ao que seria
a poesia altiva
puramente fria
com sua forma criva!
Não ao neo-parnaso
que brocha o sentido
por ser erudito!
Sinta o fato raso
o sígno límpido
sem suor, sem rito!
terça-feira, agosto 28, 2007
Gozar a solidão
em todos os sentidos
derramar em verso a
tristeza contida nos poros
E depois da infelicidade,
como a noite vira dia,
queimar no peito forte
um amor esquecido
Uivar a eternidade
para uma noiva morta
querendo conhecer
o que está encerrado
Não se ter a quem amar
ser sedento de feridas
as cicatrizes no meu rosto
são mais belas que um sorriso
Ao gozar a solidão
em todos os sentidos
e derramar em versos a
tristeza contido nos poros
em todos os sentidos
derramar em verso a
tristeza contida nos poros
E depois da infelicidade,
como a noite vira dia,
queimar no peito forte
um amor esquecido
Uivar a eternidade
para uma noiva morta
querendo conhecer
o que está encerrado
Não se ter a quem amar
ser sedento de feridas
as cicatrizes no meu rosto
são mais belas que um sorriso
Ao gozar a solidão
em todos os sentidos
e derramar em versos a
tristeza contido nos poros
sexta-feira, agosto 10, 2007
quinta-feira, agosto 09, 2007
terça-feira, agosto 07, 2007
sexta-feira, agosto 03, 2007
Desconexo
Corro do tempo como
quem corresse da vida.
E a vida não me tem
razão que a sustente.
Se ainda fosse eu crente
poderia levantar as mãos
aos céus e dar glórias
a deus - mas isso me soa
muito mais como uma
velha despedida.
Caminho e me apresso
em conjunto, paro
no sinal vermelho
e atravesso as avenidas
na faixa de segurança
com o nó diário
cego na garganta
e sem ter onde depositar
minhas esperanças.
O dia vem recheado
de cores vivas com
suas nuanças refletindo
tão tristes nos meus olhos.
Meu olhar caído:
Naquela esquina teria
um castelo medieval
não fora a modernidade.
A menina de olhos claros
olha atentamente por
de trás das grades...
Grades com cerca elétrica.
Nem os passarinhos
arriscam seu canto
nas suas janelas na
manhã amarelada.
O dia seria lindo não
houvesse tanto medo.
Alguns quarteirões
a mais ou bem a menos
vê-se uma casa de
chão batido e úmido.
Seria um rio de águas
abundantes e límpidas
não fora o cheiro
acusando um esgoto
a céu aberto.
Os passarinhos cantam
nas janelas na manhã
sofrida e calada.
Cachorros latem, brigam
por uma cadela no cio.
Homens gritam, matam
por uma fêmea qualquer.
A orquestra da fome
faz seu show em todos
os tetos sem cobrar ingresso.
O dia seria lindo
não houvesse tanta miséria.
Então penso em comprar
um livro de auto-ajuda
para ver se me encontro.
Dizem que tenho que
traçar uma meta,
um caminho a ser
trilhado e superado.
Mas eu nunca sei onde
estou e o que fazer.
Só sei que ando
vivendo, indo.
Nada me é passado.
Nada me é futuro.
Só sei que tudo
me é gerúndio
e que amar não se conjuga.
Só sei que corro,
corro, corro, corro...
Corro do tempo como
quem corresse da vida
e a vida não me tem
razão que a sustente.
quem corresse da vida.
E a vida não me tem
razão que a sustente.
Se ainda fosse eu crente
poderia levantar as mãos
aos céus e dar glórias
a deus - mas isso me soa
muito mais como uma
velha despedida.
Caminho e me apresso
em conjunto, paro
no sinal vermelho
e atravesso as avenidas
na faixa de segurança
com o nó diário
cego na garganta
e sem ter onde depositar
minhas esperanças.
O dia vem recheado
de cores vivas com
suas nuanças refletindo
tão tristes nos meus olhos.
Meu olhar caído:
Naquela esquina teria
um castelo medieval
não fora a modernidade.
A menina de olhos claros
olha atentamente por
de trás das grades...
Grades com cerca elétrica.
Nem os passarinhos
arriscam seu canto
nas suas janelas na
manhã amarelada.
O dia seria lindo não
houvesse tanto medo.
Alguns quarteirões
a mais ou bem a menos
vê-se uma casa de
chão batido e úmido.
Seria um rio de águas
abundantes e límpidas
não fora o cheiro
acusando um esgoto
a céu aberto.
Os passarinhos cantam
nas janelas na manhã
sofrida e calada.
Cachorros latem, brigam
por uma cadela no cio.
Homens gritam, matam
por uma fêmea qualquer.
A orquestra da fome
faz seu show em todos
os tetos sem cobrar ingresso.
O dia seria lindo
não houvesse tanta miséria.
Então penso em comprar
um livro de auto-ajuda
para ver se me encontro.
Dizem que tenho que
traçar uma meta,
um caminho a ser
trilhado e superado.
Mas eu nunca sei onde
estou e o que fazer.
Só sei que ando
vivendo, indo.
Nada me é passado.
Nada me é futuro.
Só sei que tudo
me é gerúndio
e que amar não se conjuga.
Só sei que corro,
corro, corro, corro...
Corro do tempo como
quem corresse da vida
e a vida não me tem
razão que a sustente.
sexta-feira, julho 20, 2007
IL
"Corei de vergonha e de indignação:
Diabo de gente que fica na porta
Da padaria onde eu vou comprar pão,
Chorando moeda com cara de morta.
"Tem qualquer moedinha não me importa
O valor, tenho fome de leão."
Sabe, esse tipo de coisa me corta
De sobremaneira o meu coração.
Mas o que tenho eu com a desgraça alheia?
A gente apenas colhe o que semeia
É o que minha mãe sempre dizia."
Vinha desse jeito minha vó contando
Anelante e deveras triste quando
Chegara em casa no final do dia.
Diabo de gente que fica na porta
Da padaria onde eu vou comprar pão,
Chorando moeda com cara de morta.
"Tem qualquer moedinha não me importa
O valor, tenho fome de leão."
Sabe, esse tipo de coisa me corta
De sobremaneira o meu coração.
Mas o que tenho eu com a desgraça alheia?
A gente apenas colhe o que semeia
É o que minha mãe sempre dizia."
Vinha desse jeito minha vó contando
Anelante e deveras triste quando
Chegara em casa no final do dia.
XLVIII
Morri. Encontrei o fim desta lida.
Sou pó, sou cinza, sou vento, sou nada,
Sou uma reles carta descartada
Do baralho intangível dessa vida.
Sou a ruína sempre incompreendida
Longe do corpo que me deu morada,
Sou a eterna vida rotulada
Na eternidade do vácuo esvaecida.
Sou todo o silêncio da escuridão
Que ressoa da morte do universo
Que outrora me deu da vida a centelha,
Sou a parte cabal dessa união:
Do grande nada a que estamos imerso,
Da infinita cala que nos espelha.
Sou pó, sou cinza, sou vento, sou nada,
Sou uma reles carta descartada
Do baralho intangível dessa vida.
Sou a ruína sempre incompreendida
Longe do corpo que me deu morada,
Sou a eterna vida rotulada
Na eternidade do vácuo esvaecida.
Sou todo o silêncio da escuridão
Que ressoa da morte do universo
Que outrora me deu da vida a centelha,
Sou a parte cabal dessa união:
Do grande nada a que estamos imerso,
Da infinita cala que nos espelha.
XLVII
Sombrias nuvens num mar morto espelham
A desventura que existe entre nós.
Cada um de seu jeito (sendo um o algoz
Do outro) na desgraça se emparelham.
Como as nuvens, são nossas almas negras
E tremem de medo ao erguer a voz
E rubras clamam por ficar a sós
Covardes e submissas às regras.
Mas o dia das tormentas virá
Quando o calmo e sereno mar será
Atormentado na voz do trovão.
E quando o fim enfim for encontrado,
Nossas almas agora lado a lado,
Viverão para sempre em comunhão.
A desventura que existe entre nós.
Cada um de seu jeito (sendo um o algoz
Do outro) na desgraça se emparelham.
Como as nuvens, são nossas almas negras
E tremem de medo ao erguer a voz
E rubras clamam por ficar a sós
Covardes e submissas às regras.
Mas o dia das tormentas virá
Quando o calmo e sereno mar será
Atormentado na voz do trovão.
E quando o fim enfim for encontrado,
Nossas almas agora lado a lado,
Viverão para sempre em comunhão.
segunda-feira, julho 16, 2007
XLVI
Deslumbre dos meus olhos! Luz da minha
Lida! Bálsamo de meus tristes prantos!
Sorriso de minha vida sozinha!
Tu, mulher, tu és a musa de meus cantos!
Divina! Amor maior por entre tantos
Amores e desabores que eu tinha
Acumulado! Encanto dos encantos!
Como encontraste o caminho que eu vinha?
De que maneira de repente entraste
Em minha vida e como roubaste
Assim todas as chaves de minha alma?
Mulher, tu escreveste a fogo na palma
Da minha mão as infinitas poesias
Que eu canto em meus versos todos os dias.
Lida! Bálsamo de meus tristes prantos!
Sorriso de minha vida sozinha!
Tu, mulher, tu és a musa de meus cantos!
Divina! Amor maior por entre tantos
Amores e desabores que eu tinha
Acumulado! Encanto dos encantos!
Como encontraste o caminho que eu vinha?
De que maneira de repente entraste
Em minha vida e como roubaste
Assim todas as chaves de minha alma?
Mulher, tu escreveste a fogo na palma
Da minha mão as infinitas poesias
Que eu canto em meus versos todos os dias.
domingo, julho 15, 2007
I
Poesia não precisa ser pensada
Nem ter análise e interpretações
Precisa ser sentida verso a verso
E ter lágrima como tem a vida
.
II
Poesia não sustenta pronome
É a voz do sentimento de cada um
Que se traduz do coração de todos
E ressoa no âmago do mundo
.
III
Poesia é o grito na garganta
É a felicidade protelada
É o sangue coagulado nos olhos
Que se transforma em verso no papel
É a felicidade protelada
É o sangue coagulado nos olhos
Que se transforma em verso no papel
.
IV
Poesia nasce e não sabe morrer
Ao tempo e ao infinito se mistura
O universo absorve o sentimento
Que transborda do lápis do poeta
Ao tempo e ao infinito se mistura
O universo absorve o sentimento
Que transborda do lápis do poeta
.
[...]
sábado, julho 14, 2007
Chegaste com os olhos da cor da mata
E eu não pude mais deixar de suspirar
Perdido na floresta de teus olhos
Esquecia-me sempre da luz do sol.
Teus verdes olhos tudo ofuscavam
E dessa luz eu fiz toda a energia
Que eu necessitava para viver
E mais nada me era preciso.
Hoje sem a luz dos olhos teus,
Fraco, penso: Que estranho deus
É esse que rege o sorriso e o pranto
Que inventou a vida e também a morte
Que traz consigo o poder do amor
E o semeia para num choro ter seu fim?
E eu não pude mais deixar de suspirar
Perdido na floresta de teus olhos
Esquecia-me sempre da luz do sol.
Teus verdes olhos tudo ofuscavam
E dessa luz eu fiz toda a energia
Que eu necessitava para viver
E mais nada me era preciso.
Hoje sem a luz dos olhos teus,
Fraco, penso: Que estranho deus
É esse que rege o sorriso e o pranto
Que inventou a vida e também a morte
Que traz consigo o poder do amor
E o semeia para num choro ter seu fim?
sábado, julho 07, 2007
Quero sempre teus cabelos pintando
Meu rosto, meus lábios e penetrando
No mais íntimo de mim com o perfume
Que tu usas provocantemente quando
A gente se vê no fim de semana
Quero que tu te deites na minha cama
E quero que tu digas que me amas
Com os olhos luminosos que tu tens...
Que sejamos lume e façamos chama
E que tu durmas respirando em mim
Quero na madrugada ver-te assim
E pedir que a noite não tenha fim
Entristecer por saber que terá
Então te apertar, te beijar, enfim
Sugar desse instante cada segundo
Quero do meu quarto fazer nosso mundo
Nele enforcaremos o tempo juntos
Até que finalmente o tempo morra
E esse sonho sonharemos profundo
Até que o sol nos tire a esperança
Quero então acordar cego da nuança
Da tua pele e, enquanto tu descanças,
Recuperar aos poucos os sentidos
Até poder levantar sem errança
Te beijar e tapar com o cobertor
Quero ao ver no espelho pensar no amor
Rir dele e também do meu bom humor
Escovar os dentes pensando em ti
Pro resto da vida com tanto ardor
Até querer que tu seja Só minha
Quero ir fazer o café na cozinha
Enquanto acordas no quarto sozinha
Sentindo o cheiro do café passado
E sem fazer barulho algum caminhas
E me surpreende por trás com um beijo
Quero rir de ti porque agora te vejo
De cara amassada e o meu desejo
É o mesmo como eu te havia apostado
E para não desperdiçar o ensejo
Nós fazemos amor mais uma vez
Quero comer do pão que tu me fez
Da fome, da sede que tu me és
E poder saciar tudo contigo
Mas a necessidade de ti ao invés
De diminuir, aumenta sempre mais
Quero não ver tudo da cor lilás
Pois quando partires arrancarás
E levarás de mim uma parte
Uma parte essencial que te faz
Seres a dona do meu pensamento
Quero quando fores nesse momento
Desejar que o tempo passe bem lento
(De tanto querer ele passa rápido)
E na porta com os cabelos ao vento
Elear-te e dizer-te sussurrando:
Quero sempre teus cabelos pintando
Meu rosto, meus lábios e penetrando
No mais íntimo de mim com o perfume
Que tu usas provocantemente quando
A gente se vê no fim de semana
Meu rosto, meus lábios e penetrando
No mais íntimo de mim com o perfume
Que tu usas provocantemente quando
A gente se vê no fim de semana
Quero que tu te deites na minha cama
E quero que tu digas que me amas
Com os olhos luminosos que tu tens...
Que sejamos lume e façamos chama
E que tu durmas respirando em mim
Quero na madrugada ver-te assim
E pedir que a noite não tenha fim
Entristecer por saber que terá
Então te apertar, te beijar, enfim
Sugar desse instante cada segundo
Quero do meu quarto fazer nosso mundo
Nele enforcaremos o tempo juntos
Até que finalmente o tempo morra
E esse sonho sonharemos profundo
Até que o sol nos tire a esperança
Quero então acordar cego da nuança
Da tua pele e, enquanto tu descanças,
Recuperar aos poucos os sentidos
Até poder levantar sem errança
Te beijar e tapar com o cobertor
Quero ao ver no espelho pensar no amor
Rir dele e também do meu bom humor
Escovar os dentes pensando em ti
Pro resto da vida com tanto ardor
Até querer que tu seja Só minha
Quero ir fazer o café na cozinha
Enquanto acordas no quarto sozinha
Sentindo o cheiro do café passado
E sem fazer barulho algum caminhas
E me surpreende por trás com um beijo
Quero rir de ti porque agora te vejo
De cara amassada e o meu desejo
É o mesmo como eu te havia apostado
E para não desperdiçar o ensejo
Nós fazemos amor mais uma vez
Quero comer do pão que tu me fez
Da fome, da sede que tu me és
E poder saciar tudo contigo
Mas a necessidade de ti ao invés
De diminuir, aumenta sempre mais
Quero não ver tudo da cor lilás
Pois quando partires arrancarás
E levarás de mim uma parte
Uma parte essencial que te faz
Seres a dona do meu pensamento
Quero quando fores nesse momento
Desejar que o tempo passe bem lento
(De tanto querer ele passa rápido)
E na porta com os cabelos ao vento
Elear-te e dizer-te sussurrando:
Quero sempre teus cabelos pintando
Meu rosto, meus lábios e penetrando
No mais íntimo de mim com o perfume
Que tu usas provocantemente quando
A gente se vê no fim de semana
terça-feira, julho 03, 2007
XLV
Vós que começastes a ler meus versos,
Chorai! Porque neles estou chorando!
Amai! Porque neles estou amando!
Senti a tristeza a que estais imerso!
Senti toda amargura do universo
Nesses versos tristes de amor e choro...
Nesses versos que gritam por socorro
Senti a tristeza a que estais imerso!
Sabeis amar? Então amai comigo!
Se quereis chorar... Chorarei contigo!
Se estais triste... quero compartilhar
Dentro de vossos olhos a tristeza!
Sejamos agora Um que com certeza
Esses momentos hão de se eternizar...
Chorai! Porque neles estou chorando!
Amai! Porque neles estou amando!
Senti a tristeza a que estais imerso!
Senti toda amargura do universo
Nesses versos tristes de amor e choro...
Nesses versos que gritam por socorro
Senti a tristeza a que estais imerso!
Sabeis amar? Então amai comigo!
Se quereis chorar... Chorarei contigo!
Se estais triste... quero compartilhar
Dentro de vossos olhos a tristeza!
Sejamos agora Um que com certeza
Esses momentos hão de se eternizar...
segunda-feira, julho 02, 2007
XLIV
Hoje o sol não esquentou nenhum corpo,
A fria manhã não gelou as mãos,
Não escondeu o caminho a neblina
Nem se ouviu o canto dos passarinhos...
Hoje o beija-flor não sugou o néctar,
Nenhum botão de flor desabrochou,
O mate não fez esquentar o inverno
E o pôr-do-sol não deslumbrou os olhos...
Hoje nenhum beijo estalou nas bocas,
Nenhum abraço surgiu entre os braços,
Nenhum sorriso estrelou entre os lábios...
Hoje o dia foi lento como um cansaço,
Foi lancinante como uma tristeza,
Hoje, em dia, não pude mais te querer.
Ahh...
A fria manhã não gelou as mãos,
Não escondeu o caminho a neblina
Nem se ouviu o canto dos passarinhos...
Hoje o beija-flor não sugou o néctar,
Nenhum botão de flor desabrochou,
O mate não fez esquentar o inverno
E o pôr-do-sol não deslumbrou os olhos...
Hoje nenhum beijo estalou nas bocas,
Nenhum abraço surgiu entre os braços,
Nenhum sorriso estrelou entre os lábios...
Hoje o dia foi lento como um cansaço,
Foi lancinante como uma tristeza,
Hoje, em dia, não pude mais te querer.
Ahh...
quinta-feira, junho 28, 2007
XLII
O amor que por ti sinto
Não é um jardim florescendo,
Não é um dia amanhecendo,
Nem mesmo é um luar lindo!
Tudo o que sinto é maior
Do que a própria natureza
Tem mais candura e beleza
E tem muito mais sabor!
Porque o jardim emurchece,
O dia sempre amanhece
Torna-se sol o luar!
Meu amor é mais bonito,
Meu amar é mais amar,
Meu amor é infinito!
Não é um jardim florescendo,
Não é um dia amanhecendo,
Nem mesmo é um luar lindo!
Tudo o que sinto é maior
Do que a própria natureza
Tem mais candura e beleza
E tem muito mais sabor!
Porque o jardim emurchece,
O dia sempre amanhece
Torna-se sol o luar!
Meu amor é mais bonito,
Meu amar é mais amar,
Meu amor é infinito!
terça-feira, junho 26, 2007
XLI
Amar... Simples amar e ser amado
E se ter amor para além dos céus;
Amar de lábios e olhos ateus...
Amor humano... Amor compartilhado...
Amar deveras... Sem ser rotulado
Todo amor que tenho aos cabelos teus...
Amar sem consentimento de deus...
Amor somente... Longe do pecado...
Porque se deus nos deu o coração
Não foi para nada senão amar!
Nos fez na boca lábios para o beijo!
Por que razão nos faria atração?
Nos faria corpo para pecar
Se nos fez homem e mulher pro desejo?
E se ter amor para além dos céus;
Amar de lábios e olhos ateus...
Amor humano... Amor compartilhado...
Amar deveras... Sem ser rotulado
Todo amor que tenho aos cabelos teus...
Amar sem consentimento de deus...
Amor somente... Longe do pecado...
Porque se deus nos deu o coração
Não foi para nada senão amar!
Nos fez na boca lábios para o beijo!
Por que razão nos faria atração?
Nos faria corpo para pecar
Se nos fez homem e mulher pro desejo?
segunda-feira, junho 25, 2007
XL
Nesse momento tem uma criança
De dez anos passando frio na rua.
Nesse momento tem uma criança
Com o corpo banhado pela lua.
Nesse momento tem uma criança
Caminhando sozinha e com medo.
Nesse momento tem uma criança
Com muita vontade de morrer cedo.
Nesse momento tem uma criança
Com aquela fome de vários dias.
Nesse momento tem uma criança
Repleta de fantasmas e agonias.
Nesse momento tem uma criança
Que não é senão cria de nossas crias.
De dez anos passando frio na rua.
Nesse momento tem uma criança
Com o corpo banhado pela lua.
Nesse momento tem uma criança
Caminhando sozinha e com medo.
Nesse momento tem uma criança
Com muita vontade de morrer cedo.
Nesse momento tem uma criança
Com aquela fome de vários dias.
Nesse momento tem uma criança
Repleta de fantasmas e agonias.
Nesse momento tem uma criança
Que não é senão cria de nossas crias.
domingo, junho 24, 2007
XXXIX
Te quero assim como o sol quer a vida;
Como a sede quer a água, a fome o pão;
Como a noite quer a escuridão
E como o dia quer a luz despida.
Te quero como o choro a despedida;
Como a distância a aproximação;
Te quero de rasgar o coração
De uma paixão ainda não vivida...
Te quero de saudade do futuro;
Te quero e te amo do amor mais puro;
Te quero de um ciúme inevitável...
Te quero de um querer tão... tão profundo...
Te quero de um querer inexplicável...
Te quero de um querer de outro mundo.
Como a sede quer a água, a fome o pão;
Como a noite quer a escuridão
E como o dia quer a luz despida.
Te quero como o choro a despedida;
Como a distância a aproximação;
Te quero de rasgar o coração
De uma paixão ainda não vivida...
Te quero de saudade do futuro;
Te quero e te amo do amor mais puro;
Te quero de um ciúme inevitável...
Te quero de um querer tão... tão profundo...
Te quero de um querer inexplicável...
Te quero de um querer de outro mundo.
sexta-feira, junho 22, 2007
XXXVIII
Sonhos que não tive porque não quis;
Um sentimento que afastei por medo;
Amores que guardei muito em segredo
Não me deram a chance de ser feliz.
Silêncio infinito que nada diz!
Vida vivida sem nenhum enredo!
Pega meus versos... Joga-os num penedo...
Todos aqueles versos que te fiz!
Joga!... Eles não valem nada mesmo...
Tudo palavras jogadas a esmo:
São amores e sonhos que não tive!
E ao senti-los levados pelo vento,
Perdendo-se sozinhos pelo tempo;
Chora - por uma vida que não vive.
Um sentimento que afastei por medo;
Amores que guardei muito em segredo
Não me deram a chance de ser feliz.
Silêncio infinito que nada diz!
Vida vivida sem nenhum enredo!
Pega meus versos... Joga-os num penedo...
Todos aqueles versos que te fiz!
Joga!... Eles não valem nada mesmo...
Tudo palavras jogadas a esmo:
São amores e sonhos que não tive!
E ao senti-los levados pelo vento,
Perdendo-se sozinhos pelo tempo;
Chora - por uma vida que não vive.
quinta-feira, junho 21, 2007
XXXVII
O sol nasce laranja por de trás
De nuvens que vão raiando amarelas
E banhando com sua luz os plátanos
Que ofuscam os olhos cor de mel.
Sustenta a prole dos jacarandás
De minha terra com suas aquarelas
De cores vivas e mortas... Sons diáfanos
De luzes e amores rasgam o céu.
Impera lá do espaço poderoso,
Tão-longe-tão-perto num só momento...
Em raios, tudo em sua volta gira...
Nesse despontar da manhã ostentoso;
Rindo da vida, zombando do tempo,
Copioso da infinita luz que aspira.
De nuvens que vão raiando amarelas
E banhando com sua luz os plátanos
Que ofuscam os olhos cor de mel.
Sustenta a prole dos jacarandás
De minha terra com suas aquarelas
De cores vivas e mortas... Sons diáfanos
De luzes e amores rasgam o céu.
Impera lá do espaço poderoso,
Tão-longe-tão-perto num só momento...
Em raios, tudo em sua volta gira...
Nesse despontar da manhã ostentoso;
Rindo da vida, zombando do tempo,
Copioso da infinita luz que aspira.
quarta-feira, junho 20, 2007
XXXVI
Eu não sei dizer o quanto te quero;
O meu querer eu não sei explicar.
O meu amar é simplesmente amar
E o amor que sinto por ti é fero.
É tão, mas tão fero que eu desespero
E eu me perco completamente por
Te querer tanto, tanto, meu amor...
Eu já nem sequer sei mais o que espero.
Porque esperar-te já não posso mais;
Nem mesmo falar... Eu já falei tudo...
Falei tudo mas agora estou mudo...
Mudo por ter acreditado no engano;
Mudo por ter gritado forte: "Te amo!"
E por ter ouvido do eco: "Jamais!"
O meu querer eu não sei explicar.
O meu amar é simplesmente amar
E o amor que sinto por ti é fero.
É tão, mas tão fero que eu desespero
E eu me perco completamente por
Te querer tanto, tanto, meu amor...
Eu já nem sequer sei mais o que espero.
Porque esperar-te já não posso mais;
Nem mesmo falar... Eu já falei tudo...
Falei tudo mas agora estou mudo...
Mudo por ter acreditado no engano;
Mudo por ter gritado forte: "Te amo!"
E por ter ouvido do eco: "Jamais!"
XXXV
Quando te chamo, te quero e procuro
Tua boca e teu colo de alecrim;
Talvez os deuses, os astros, o escuro
Destino te afastam longe de mim.
Mas como quero e quero tanto assim!...
De um querer tão belo, simples e puro,
De um querer que não sabe ver o fim,
De um querer capaz de jurar (e juro):
"O quão longe tu estejas não importa;
Nem mesmo o que os astros estão tramando;
Eu vou estar sempre aqui te esperando...
E quando eu for carne quase que morta,
Teus olhos estarei ainda enxergando,
E num suspiro - morrerei te amando."
Tua boca e teu colo de alecrim;
Talvez os deuses, os astros, o escuro
Destino te afastam longe de mim.
Mas como quero e quero tanto assim!...
De um querer tão belo, simples e puro,
De um querer que não sabe ver o fim,
De um querer capaz de jurar (e juro):
"O quão longe tu estejas não importa;
Nem mesmo o que os astros estão tramando;
Eu vou estar sempre aqui te esperando...
E quando eu for carne quase que morta,
Teus olhos estarei ainda enxergando,
E num suspiro - morrerei te amando."
segunda-feira, junho 18, 2007
XXXIV
No papel branco meus olhos choram...
Eles choram e choram copiosamente.
São rios de lágrimas, água corrente,
Que pousam no papel mas não o molham.
Levam tudo o que existe consigo
Uma correnteza que leva tudo;
E fico parado, estático, mudo,
Pois a tristeza continua comigo.
Feito lágrimas as palavras surgem...
São tristes, são do mal, ou são do bem...
Uma violeta, uma rosa, um jasmim...
E quando eu me leio, percebo que
Eu não mais preciso chorar porque
Os meus versos - eles choram por mim.
Eles choram e choram copiosamente.
São rios de lágrimas, água corrente,
Que pousam no papel mas não o molham.
Levam tudo o que existe consigo
Uma correnteza que leva tudo;
E fico parado, estático, mudo,
Pois a tristeza continua comigo.
Feito lágrimas as palavras surgem...
São tristes, são do mal, ou são do bem...
Uma violeta, uma rosa, um jasmim...
E quando eu me leio, percebo que
Eu não mais preciso chorar porque
Os meus versos - eles choram por mim.
sexta-feira, junho 15, 2007
XXXIII
Sozinho. Ele profundamente triste
Tristemente mira mudo as estrelas
Ensaia suspiros tentando entendê-las,
Loucamente entendê-las ele insiste.
Para ele não existe astrologia,
Nem conhece as constelações mais belas,
Ele apenas deseja estar entre elas
Entre elas esquecer-se noite e dia.
Ele viaja... Ele sente uma a uma;
Ele assim se perde no pensamento
Sobre elas, e nada mais existe.
Então acende um cigarro... Ele fuma...
Ele chega esquecer por um momento
Que até o momento ele fora triste.
Tristemente mira mudo as estrelas
Ensaia suspiros tentando entendê-las,
Loucamente entendê-las ele insiste.
Para ele não existe astrologia,
Nem conhece as constelações mais belas,
Ele apenas deseja estar entre elas
Entre elas esquecer-se noite e dia.
Ele viaja... Ele sente uma a uma;
Ele assim se perde no pensamento
Sobre elas, e nada mais existe.
Então acende um cigarro... Ele fuma...
Ele chega esquecer por um momento
Que até o momento ele fora triste.
Eu vejo
Tanto, tanto
Que busco sempre
Um encanto
Que me alente
E que vaze
O meu ver
Eu ouço
Tanto, tanto
Que estou sempre
Calado esperando
Que de repente
Alguém venha
Me ensurdecer
Eu sinto
Tanto, tanto
Que não consigo
Chorar um pranto
Que alivie
Meu sentir
Eu quero
Tanto, tanto
Gritar a sós
Que não consigo
Encontrar a voz
Que acalme
Meu querer
[...]
Tanto, tanto
Que busco sempre
Um encanto
Que me alente
E que vaze
O meu ver
Eu ouço
Tanto, tanto
Que estou sempre
Calado esperando
Que de repente
Alguém venha
Me ensurdecer
Eu sinto
Tanto, tanto
Que não consigo
Chorar um pranto
Que alivie
Meu sentir
Eu quero
Tanto, tanto
Gritar a sós
Que não consigo
Encontrar a voz
Que acalme
Meu querer
[...]
quarta-feira, junho 13, 2007
Talvez Talvez Talvez Talvez TalTalvez
.
Talvez teus olhos tenham me encantado mais do que deveriam. Talvez teu jeito de ser difícil tenha me interessado. Talvez eu esteja apaixonado. Ou não. Talvez eu só queira te descobrir, te explorar. Mais nada. Mas o fato é que estou pensando em ti e te quero aqui e não me venha com essa de que não pode porque quem quer sempre dá um jeito e consegue e não me pede para ir com calma porque minha calma já irritou minha alma e minha alma tem pressa de te ver, te ter, tem necessidade de ti. Não sou eu que quero. Às vezes penso em não querer mais te querer. Mas o meu querer não obedece ao meu pensar e o meu pensar é infiel súdito do meu sentir. Isso é ruim. Ou bom. Depende do ponto de vista. Se o meu pensar mandasse no meu sentir e no meu querer talvez eu não iria te falar, desistiria de te ter. Mas como o meu sentir e o meu querer têm o monopólio do meu viver e do meu agir, a tua ausência me dói, e eu aqui estou te chamando para junto de mim com vontade de teu sorriso colado ao meu e teu corpo aquecendo meu inverno. Talvez preenchendo alguma coisa que me falta, talvez asfaltando o buraco que eu sinto cada vez maior dentro de mim. Ou não. Talvez apenas colocando um pouco de areia pra disfarçar. Um alívio momentâneo. Mas mesmo assim alívio. Eu preciso disso. E quando tu fores embora vai bater uma brisa qualquer e o buraco será ainda maior. Entende o que eu quero te dizer? Uma parte de mim te quer aqui a outra quer solidão. Uma te procura desesperadamente para encher esse vazio e pôr fim a essa dor e talvez eu morra feliz sorrindo de ter vivido uma vida sem buracos. A outra tem uma pá jorrando sangue na mão e não importa o quão vazio e fundo esteja o buraco ele nunca estará suficientemente aberto. Tu não entende o que eu quero te dizer, né? ...Ninguém entende. Nem mesmo eu. Essas coisas não se entendem, nem se explicam, mas sim se sentem. E talvez teus olhos verdes tenham me feito sentir mais do que eu deveria. Talvez...
terça-feira, junho 12, 2007
sábado, junho 09, 2007
Ele caminha
Ele corre
Ele tropeça
Ele sangra
Ele levanta
Ele caminha
Ele corre
Ele chora
e as lágrimas
que derramam seus olhos
misturam-se com
o sangue e com a chuva.
Os trovões confundem-se
com seus gritos.
Ele grita e não sabe por que
então ele grita mais alto
até ficar sem voz.
Ele grita por nada.
Por não saber por que gritar.
Ele grita porque tudo
lhe é um imenso vazio.
Ele corre
Ele tropeça
Ele sangra
Ele levanta
Ele caminha
Ele corre
Ele chora
e as lágrimas
que derramam seus olhos
misturam-se com
o sangue e com a chuva.
Os trovões confundem-se
com seus gritos.
Ele grita e não sabe por que
então ele grita mais alto
até ficar sem voz.
Ele grita por nada.
Por não saber por que gritar.
Ele grita porque tudo
lhe é um imenso vazio.
Ele sai de pés descalço para rua. Chove torrencialmente. Ninguém sabe para onde vai, nem mesmo ele. É uma procura infinita pelo nada. Ele procura achar nada. Ele sente seu peito comprimir cada dia mais. Ele não sabe o que faz. Ele não sabe viver, tudo que faz parece-lhe vão e nunca se está devidamente como se deve estar. As palavras que fala nunca são as certas para a ocasião. Os livros que lê parecem idiotas e procurar um emprego não tem sentido.
Ele caminha. Ele corre. Ele tropeça. Ele sangra. Ele levanta. Ele caminha. Ele corre. Ele chora e as lágrimas que derrama seus olhos misturam-se com o sangue e com a chuva. Os trovões confundem-se com seus gritos. Ele grita e não sabe por que então ele grita mais alto até ficar sem voz. Ele grita por nada. Por não saber por que gritar. Ele grita porque tudo lhe é um imenso vazio.
Ele caminha. Ele corre. Ele tropeça. Ele sangra. Ele levanta. Ele caminha. Ele corre. Ele chora e as lágrimas que derrama seus olhos misturam-se com o sangue e com a chuva. Os trovões confundem-se com seus gritos. Ele grita e não sabe por que então ele grita mais alto até ficar sem voz. Ele grita por nada. Por não saber por que gritar. Ele grita porque tudo lhe é um imenso vazio.
sexta-feira, junho 08, 2007
XXXII
Me-beija-ela-não-me-beija-me-beija.
Ela assim me beija bem de cantinho,
Que tudo com ela é bem devagarinho
E não beija tanto quanto deseja.
Ela faz trejeito e jamais sobeja
Ela só beija se for fazer ninho:
Não quer o risco de ninho com espinho
Tampouco estender mais esta peleja.
Então os seus olhos tão verde brilham
Como nunca; a minha mão enleia
As curvas dela muito fortemente;
Nossas bocas um só caminho trilham:
Ela não-me-beija-me-beija e alteia
Sem sequer pensar uma amor ardente.
Ela assim me beija bem de cantinho,
Que tudo com ela é bem devagarinho
E não beija tanto quanto deseja.
Ela faz trejeito e jamais sobeja
Ela só beija se for fazer ninho:
Não quer o risco de ninho com espinho
Tampouco estender mais esta peleja.
Então os seus olhos tão verde brilham
Como nunca; a minha mão enleia
As curvas dela muito fortemente;
Nossas bocas um só caminho trilham:
Ela não-me-beija-me-beija e alteia
Sem sequer pensar uma amor ardente.
terça-feira, junho 05, 2007
Trago e solto lentamente a fumaça.
O cigarro me vitaliza.
A cada tragada é um suspirar
mais profundo que o outro,
um suspirar melancólico
e ao mesmo tempo apaixonado
pelo caminhar das gurias
do Campus do Vale.
O inverno ainda as faz mais
atraentes e misteriosas.
É um querer-saber-o-que-há-além-dos-blusões
que me deixa inquieto.
E seus passos parecem-me tão longe
como se eu estivesse assistindo TV.
direita-esquerda-direita-esquerda
câmera lenta.
mão que rasga
minha pele
minha carne
meus ossos
meus músculos
e expreme sem remorso
meu involuntário coração.
Minha vez de tomar o mate.
Havia esquecido de meus amigos.
Por instantes foram
apenas sons mudos
que adentravam
meus ouvidos
sem-significado-nem-significante.
Por instantes fora eu
o cigarro
a fumaça
o sol
o frio
e o caminhar
pseudodistante das gurias
do Campus do Vale.
Mas agora percebi
esses sons diáfanos
e o mate se faz companhia
à minha distante solitude
e o evaporar da água
se une à fumaça
do meu cigarro
num ritual
de acasalamento
e minha boca
meu peito
minha língua
queimam como
uma paixão qualquer.
O verde do mate me faz lembrar esperança...
O cigarro me vitaliza.
A cada tragada é um suspirar
mais profundo que o outro,
um suspirar melancólico
e ao mesmo tempo apaixonado
pelo caminhar das gurias
do Campus do Vale.
O inverno ainda as faz mais
atraentes e misteriosas.
É um querer-saber-o-que-há-além-dos-blusões
que me deixa inquieto.
E seus passos parecem-me tão longe
como se eu estivesse assistindo TV.
direita-esquerda-direita-esquerda
câmera lenta.
mão que rasga
minha pele
minha carne
meus ossos
meus músculos
e expreme sem remorso
meu involuntário coração.
Minha vez de tomar o mate.
Havia esquecido de meus amigos.
Por instantes foram
apenas sons mudos
que adentravam
meus ouvidos
sem-significado-nem-significante.
Por instantes fora eu
o cigarro
a fumaça
o sol
o frio
e o caminhar
pseudodistante das gurias
do Campus do Vale.
Mas agora percebi
esses sons diáfanos
e o mate se faz companhia
à minha distante solitude
e o evaporar da água
se une à fumaça
do meu cigarro
num ritual
de acasalamento
e minha boca
meu peito
minha língua
queimam como
uma paixão qualquer.
O verde do mate me faz lembrar esperança...
segunda-feira, junho 04, 2007
XXXI
Muito pensar para tão pouco agir
Muito sofrer para pouco pesar
Muito amor para tão pouco sentir
Muito sentir para tão pouco amar
Muito partir para pouco chegar
Muito sonhar para pouco dormir
Muito querer para pouco chorar
Muito chorar para pouco sorrir
Sou todo feito de muito e de pouco:
Muita tristeza para pouca alegria
Muita escuridão para pouco dia
E por mais que eu tente sempre feito louco
Mudar e ter um pouco de esperança:
É Muito mudar p'ra pouca mudança
Muito sofrer para pouco pesar
Muito amor para tão pouco sentir
Muito sentir para tão pouco amar
Muito partir para pouco chegar
Muito sonhar para pouco dormir
Muito querer para pouco chorar
Muito chorar para pouco sorrir
Sou todo feito de muito e de pouco:
Muita tristeza para pouca alegria
Muita escuridão para pouco dia
E por mais que eu tente sempre feito louco
Mudar e ter um pouco de esperança:
É Muito mudar p'ra pouca mudança
terça-feira, maio 29, 2007
Alteio fogo
enleio, rogo
peço e me despeço
de ti
não que seja
assim tão fácil
é que não sei
ser de ninguém
e fico sempre
sozinho
doente
carente
no fim.
Não te quero
pra mim
mas estejas sempre
comigo
amigo
carinho
abrigo
abraço
essas coisas
ternas
eternas
paixão é jardim,
jasmim, rosas,
perfume
que viram
cactos
sempre apenas
sempre
me pegue
leve pela mão que
eu apenasmente
Eu te serei
enleio, rogo
peço e me despeço
de ti
não que seja
assim tão fácil
é que não sei
ser de ninguém
e fico sempre
sozinho
doente
carente
no fim.
Não te quero
pra mim
mas estejas sempre
comigo
amigo
carinho
abrigo
abraço
essas coisas
ternas
eternas
paixão é jardim,
jasmim, rosas,
perfume
que viram
cactos
sempre apenas
sempre
me pegue
leve pela mão que
eu apenasmente
Eu te serei
XXX
Silêncio... não quero nada senão
Silêncio. Não há nada o que falar,
Não há nada que se possa explicar.
Tudo me é tão pouco, pequeno e vão.
Falar pra quê? silêncio pra mim basta.
Não há o que uma palavra possa
Dizer, querer que tudo seja bossa,
Enquanto tudo o que vejo se gasta.
Desejo, sim, estar sozinho ao léu,
E ouvindo o silêncio que ressoa,
Mudo assim como as estrelas no céu,
Admirar a vida que se escoa
Paulatinamente por entre os dedos,
Pele, olhos, dentes, insanos medos.
Silêncio. Não há nada o que falar,
Não há nada que se possa explicar.
Tudo me é tão pouco, pequeno e vão.
Falar pra quê? silêncio pra mim basta.
Não há o que uma palavra possa
Dizer, querer que tudo seja bossa,
Enquanto tudo o que vejo se gasta.
Desejo, sim, estar sozinho ao léu,
E ouvindo o silêncio que ressoa,
Mudo assim como as estrelas no céu,
Admirar a vida que se escoa
Paulatinamente por entre os dedos,
Pele, olhos, dentes, insanos medos.
sexta-feira, maio 25, 2007
terça-feira, maio 22, 2007
XXVIII
Dentro do ônibus na Baltazar de Oliveira Garcia.
Parnasianismo inevitável.
Os paralelepípedos têm alma.
Eles sabem que têm que separar
A mão da contra-mão para evitar
A confusão e preservar a calma.
Os paralelepípedos trabalham
Dia e noite, no verão e no inverno.
No sol eles aturam um inferno,
No frio eles nem sequer se agasalham.
Suas seis formas retangulares
Sustentam toda a avenida impassíveis
Evitam choques espetaculares,
Praticamente choques impossíveis,
Mas mesmo assim não são dignos de olhares,
Seguem pela avenida imperceptíveis.
Parnasianismo inevitável.
Os paralelepípedos têm alma.
Eles sabem que têm que separar
A mão da contra-mão para evitar
A confusão e preservar a calma.
Os paralelepípedos trabalham
Dia e noite, no verão e no inverno.
No sol eles aturam um inferno,
No frio eles nem sequer se agasalham.
Suas seis formas retangulares
Sustentam toda a avenida impassíveis
Evitam choques espetaculares,
Praticamente choques impossíveis,
Mas mesmo assim não são dignos de olhares,
Seguem pela avenida imperceptíveis.
segunda-feira, maio 21, 2007
XXVII
Os espectros que trago dentro em mim
Insistem em me assombrar dia e noite
(Cigarro, fumaça, tristeza, açoite)
Fantasmas de um tédio que não tem fim.
Mas espero teu corpo de alfenim
Que venha agitar esta noite calma,
Que também venha expulsar de minha alma
Os fantasmas que me deixam assim.
E por não vires me encontro aqui absorto
Em devaneios, quase que estou morto
De matar a mesmice que me mata...
Por não morrer e também por não vires
Procuro uma maneira de despires
O tédio da solidão que me acata.
Insistem em me assombrar dia e noite
(Cigarro, fumaça, tristeza, açoite)
Fantasmas de um tédio que não tem fim.
Mas espero teu corpo de alfenim
Que venha agitar esta noite calma,
Que também venha expulsar de minha alma
Os fantasmas que me deixam assim.
E por não vires me encontro aqui absorto
Em devaneios, quase que estou morto
De matar a mesmice que me mata...
Por não morrer e também por não vires
Procuro uma maneira de despires
O tédio da solidão que me acata.
sexta-feira, maio 18, 2007
quinta-feira, maio 17, 2007
XXVI
Vim do nada e pro nada voltarei?
Fiz desse lugar a minha morada,
Nele vivi, sofri e também sonhei...
Agora só serei silêncio, nada?
Por toda eternidade dormirei?
Ou novamente serei despertado?
E despertado outra vez eu verei
Meu corpo aos poucos sendo exterminado?
Se são infinitos o tempo e o universo,
Por que eu também não poderei ser
Se eu estou neles todo o tempo imerso?
(Por que a incerteza desse viver
Nos oprime a fazer tantas perguntas?)
A vida e a morte andam sempre juntas?
Fiz desse lugar a minha morada,
Nele vivi, sofri e também sonhei...
Agora só serei silêncio, nada?
Por toda eternidade dormirei?
Ou novamente serei despertado?
E despertado outra vez eu verei
Meu corpo aos poucos sendo exterminado?
Se são infinitos o tempo e o universo,
Por que eu também não poderei ser
Se eu estou neles todo o tempo imerso?
(Por que a incerteza desse viver
Nos oprime a fazer tantas perguntas?)
A vida e a morte andam sempre juntas?
quarta-feira, maio 16, 2007
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso metafísica
Nem medo da morte
Eu vim do barro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso rotina,
Buzina, semáforo,
Nem mesmo quero carro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso copo vazio
Nem vinho caro
Não quero sarro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso dinheiro
Nem músculos inteiros
Eu escarro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso estudo
Não preciso canudo
Não preciso cultura
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso companhia
Não preciso direção
Não preciso contra-mão
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso dia-a-dia
Não preciso tristeza
Nem angústia
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Olhando pro negrume
Infinito do
Céu claro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso metafísica
Nem medo da morte
Eu vim do barro
Tudo que eu é preciso é
De um cigarro...
...
De um cigarro...
Não preciso metafísica
Nem medo da morte
Eu vim do barro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso rotina,
Buzina, semáforo,
Nem mesmo quero carro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso copo vazio
Nem vinho caro
Não quero sarro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso dinheiro
Nem músculos inteiros
Eu escarro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso estudo
Não preciso canudo
Não preciso cultura
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso companhia
Não preciso direção
Não preciso contra-mão
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso dia-a-dia
Não preciso tristeza
Nem angústia
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Olhando pro negrume
Infinito do
Céu claro
Tudo que eu preciso é
De um cigarro...
Não preciso metafísica
Nem medo da morte
Eu vim do barro
Tudo que eu é preciso é
De um cigarro...
...
sexta-feira, maio 11, 2007
Literatura de cordel
Na minha rua
A moça enfeitada
Bonita e cheirosa
De pele fogosa
E bem hidratada
Está no jardim
Cuidando das flores
Pensando em amores
Cheirando jasmim
E passa um mendigo
Cheinho de fome
Quase que ele some
Virado em umbigo
O rosto chupado
O corpo esguio
Está por um fio
À vida ligado
O mendigo triste
A olha do muro:
"Tu tem um pão duro
Ou mesmo um alpiste?
Nessa situação
Não tenho nariz
Me sinto feliz
Até com ração"
A moça bem braba
O olha com nojo:
"Tu aqui de novo
Na minha calçada?
Será que não é
Possível viver
Sem a choldra ter
Pegando em meu pé?"
Ele sai sem jeito
Sem nenhum rugido
Um choro contido
Um soco no peito
O sol bate forte
Na sua moleira
Não há o que mais queira
Do que a própria morte
Sentado na praça
Com os olhos molhados
Com dois namorados
Olhando a desgraça
A lágrima escorre
Lavando seu rosto
Ele está disposto
Suspira então morre
E a moça bonita
Já livre do fardo
Vai até seu quarto
Coloca uma fita
Um batom vermelho
Ela é engraçadinha
Fazendo boquinha
Diante do espelho
Na minha rua
A moça enfeitada
Bonita e cheirosa
De pele fogosa
E bem hidratada
Está no jardim
Cuidando das flores
Pensando em amores
Cheirando jasmim
E passa um mendigo
Cheinho de fome
Quase que ele some
Virado em umbigo
O rosto chupado
O corpo esguio
Está por um fio
À vida ligado
O mendigo triste
A olha do muro:
"Tu tem um pão duro
Ou mesmo um alpiste?
Nessa situação
Não tenho nariz
Me sinto feliz
Até com ração"
A moça bem braba
O olha com nojo:
"Tu aqui de novo
Na minha calçada?
Será que não é
Possível viver
Sem a choldra ter
Pegando em meu pé?"
Ele sai sem jeito
Sem nenhum rugido
Um choro contido
Um soco no peito
O sol bate forte
Na sua moleira
Não há o que mais queira
Do que a própria morte
Sentado na praça
Com os olhos molhados
Com dois namorados
Olhando a desgraça
A lágrima escorre
Lavando seu rosto
Ele está disposto
Suspira então morre
E a moça bonita
Já livre do fardo
Vai até seu quarto
Coloca uma fita
Um batom vermelho
Ela é engraçadinha
Fazendo boquinha
Diante do espelho
quinta-feira, maio 10, 2007
XXV
A dor que sinto não cabe num verso,
Não cabe nas palavras que eu escrevo,
Porém mesmo assim eu sempre me atrevo
Tentar expressar o meu universo.
Ah! Tristeza que estou sempre levando...
Inefável sofrimento que espera
Contido na garganta e desespera
Pobre em poesia no caderno em branco.
Ânsia de falar! Ânsia de gritar!
Desejo de expressar tudo o que sinto...
Tudo que está escondido e que minto,
Que sufoca em meu peito a soluçar
Num verso imensamente belo e triste:
Verso que talvez nem sequer existe.
Não cabe nas palavras que eu escrevo,
Porém mesmo assim eu sempre me atrevo
Tentar expressar o meu universo.
Ah! Tristeza que estou sempre levando...
Inefável sofrimento que espera
Contido na garganta e desespera
Pobre em poesia no caderno em branco.
Ânsia de falar! Ânsia de gritar!
Desejo de expressar tudo o que sinto...
Tudo que está escondido e que minto,
Que sufoca em meu peito a soluçar
Num verso imensamente belo e triste:
Verso que talvez nem sequer existe.
segunda-feira, maio 07, 2007
XXIV
Uma dor infinda trago em meu peito
E que sufoca um grito na garganta,
Uma dor que se avizinha e levanta
Roxos de sofrimento no meu leito.
Dor que se alojou e que não tem jeito
De arrancá-la, porque ela se agiganta,
Forma raízes tao fortes, com tanta
Vontade, que eu já sem forças a aceito.
Aceito, e a tristeza me consome
A vida. Meus negros olhos não mais
Sabem chorar - são secos de tormento!
Ah! Intangível e torpe sofrimento!
Me sinto o sol que triste a noite traz,
Que no horizonte azul aos poucos some.
E que sufoca um grito na garganta,
Uma dor que se avizinha e levanta
Roxos de sofrimento no meu leito.
Dor que se alojou e que não tem jeito
De arrancá-la, porque ela se agiganta,
Forma raízes tao fortes, com tanta
Vontade, que eu já sem forças a aceito.
Aceito, e a tristeza me consome
A vida. Meus negros olhos não mais
Sabem chorar - são secos de tormento!
Ah! Intangível e torpe sofrimento!
Me sinto o sol que triste a noite traz,
Que no horizonte azul aos poucos some.
quinta-feira, maio 03, 2007
"eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu deus mas como você me dói de vez em quando."
te amo silenciosamente
te amo silenciosamente
domingo, abril 29, 2007
XXII
Quero, ardo, choro e lentamente morro
Em teu corpo, em tuas curvas lascivas,
Teus olhos faiscantes, tuas cores vivas
E assim morrendo eu nem peço socorro.
Nem socorro, nem ajuda, nem nada.
Ardo em febre... a paixão em teu corpo
Convulso é como o astro rei absorto
Em minha cama que já está quebrada.
Sim, tu és o meu sol nestas noites frias...
Meu calor, minha vida, minha morte,
Meu caminho, meu cruzeiro, meu norte,
A energia de minhas mãos esguias,
O eterno infinito desse momento,
Tu és a vida... a vida que eu não entendo...
Em teu corpo, em tuas curvas lascivas,
Teus olhos faiscantes, tuas cores vivas
E assim morrendo eu nem peço socorro.
Nem socorro, nem ajuda, nem nada.
Ardo em febre... a paixão em teu corpo
Convulso é como o astro rei absorto
Em minha cama que já está quebrada.
Sim, tu és o meu sol nestas noites frias...
Meu calor, minha vida, minha morte,
Meu caminho, meu cruzeiro, meu norte,
A energia de minhas mãos esguias,
O eterno infinito desse momento,
Tu és a vida... a vida que eu não entendo...
sexta-feira, abril 27, 2007
XXI
Por que bates tão freneticamente
Quando a vejo, estúpido? Tu não vês
Que esta minha súbita lividez
Vem do se sentir mais do que se sente?
E por que bates tão alegremente
Quando beijo seus lábios (e outra vez
Em seus lascivos olhos azuis crês)
Se depois ela parte indiferente?
Tu és inimigo de minha razão!
Tu és culpado de minha juventude
Senil e de meus olhos escarlate...
Mas quero que sofras também, então
Com as maiores forças que unir eu pude
Rogo a Deus para que eu morra de enfarte.
Quando a vejo, estúpido? Tu não vês
Que esta minha súbita lividez
Vem do se sentir mais do que se sente?
E por que bates tão alegremente
Quando beijo seus lábios (e outra vez
Em seus lascivos olhos azuis crês)
Se depois ela parte indiferente?
Tu és inimigo de minha razão!
Tu és culpado de minha juventude
Senil e de meus olhos escarlate...
Mas quero que sofras também, então
Com as maiores forças que unir eu pude
Rogo a Deus para que eu morra de enfarte.
XX
Eu sempre calado,
De sorriso tácito,
De olhos enigmáticos
Faço da poesia
De sorriso tácito,
De olhos enigmáticos
Faço da poesia
O meu cada dia:
Meu único estado,
Meu único mundo,
Meu grande universo:
O verso infinito,
Fecundo e inefável.
E de verso em verso
Busco o verso mudo,
O verso que escuro
Diz tanto de mim...
domingo, abril 22, 2007
XVII
Além de mim
Teu rosto estava nas asas da borboleta.
Eu vi que era tu que olhavas e sorrias
Para mim; e meu universo inteiro coexistia
Naquele colorido de imortal beleza.
E não era devaneio, tenho certeza...
Também eram teus olhos que voando eu via.
Teus olhos azuis que antes eram poesia
E que eram também oceano de pureza
Estavam se afastando rápido outra vez
Como se eu fosse uma terrível ameaça
Tentei te chamar porém tu não escutavas:
"Por que foges? Por que tamanha insensatez?"
Mas num repente perdeu-se de tudo a graça:
Quanto mais eu te queria mais tu te afastavas...
Teu rosto estava nas asas da borboleta.
Eu vi que era tu que olhavas e sorrias
Para mim; e meu universo inteiro coexistia
Naquele colorido de imortal beleza.
E não era devaneio, tenho certeza...
Também eram teus olhos que voando eu via.
Teus olhos azuis que antes eram poesia
E que eram também oceano de pureza
Estavam se afastando rápido outra vez
Como se eu fosse uma terrível ameaça
Tentei te chamar porém tu não escutavas:
"Por que foges? Por que tamanha insensatez?"
Mas num repente perdeu-se de tudo a graça:
Quanto mais eu te queria mais tu te afastavas...
quarta-feira, abril 18, 2007
XVI
Da hipocrisia
Escondido em olhos, boca e cabelo,
Existe alguém gritando o desespero
De ser aquilo que não mais quer sê-lo,
Alguém que quer ser o que é por inteiro.
Escondido em unhas, pulsos e pêlo,
Existe alguém que sangrando desterro,
Num lugar que não sabe compreendê-lo
Clama que venha logo o seu enterro.
Escondido em sorriso e aplauso,
Existe o asco, o ódio, o desafeto
De alguém que só sabe ser quieto
Porque tudo lhe soa sempre falso...
Sendo assim vai levando sua vida
Escondido em veias, pele e ferida...
Escondido em olhos, boca e cabelo,
Existe alguém gritando o desespero
De ser aquilo que não mais quer sê-lo,
Alguém que quer ser o que é por inteiro.
Escondido em unhas, pulsos e pêlo,
Existe alguém que sangrando desterro,
Num lugar que não sabe compreendê-lo
Clama que venha logo o seu enterro.
Escondido em sorriso e aplauso,
Existe o asco, o ódio, o desafeto
De alguém que só sabe ser quieto
Porque tudo lhe soa sempre falso...
Sendo assim vai levando sua vida
Escondido em veias, pele e ferida...
segunda-feira, abril 16, 2007
Ah! Caminhar na redenção
Sempre é bom!
Fumar um cigarro então
Nem se fala...
Sentir Porto Alegre
Correndo nas veias;
Sentir a fumaça do cigarro
Penetrando os pulmões!
Ah! Mas aquela menina dos olhos verdes
Ainda a quero aqui comigo
Mas enquanto ela não vem
Vou me sentar
Em baixo dessas árvores
Vendo a vida se esvair
E pelo menos sentir que estou
Dentro de Porto Alegre...
Sempre é bom!
Fumar um cigarro então
Nem se fala...
Sentir Porto Alegre
Correndo nas veias;
Sentir a fumaça do cigarro
Penetrando os pulmões!
Ah! Mas aquela menina dos olhos verdes
Ainda a quero aqui comigo
Mas enquanto ela não vem
Vou me sentar
Em baixo dessas árvores
Vendo a vida se esvair
E pelo menos sentir que estou
Dentro de Porto Alegre...
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